Quando eu morrer, dá-me um cravo vermelho, simbolo da liberdade, e leva-me ao mar. Não chores, a vida é o que mais bonito temos e eu procurei sempre viver a minha da forma mais pura possível...
Porque sei sorrir e sei chorar...
Bem-vindo sejas...
Nascido a 14 de Agosto...
Veste de negro o homem… calções pretos, a t-shirt preta com o inevitável x na frente, sapatilhas pretas, destoa o tabaqueiro vermelho… Até a mochila que leva às costas para transportar o equipamento fotográfico é preta…
Deixa para trás o pôr-do-sol que viu à beira do mar, faz-se à estrada, é tempo de ir à procura de fé, é tempo de cheirar o pó do caminho que já tantas vezes percorreu e tantas outras há-de percorrer… Desta vez os caminhos cruzados da sua fé levam-no a tomar a direcção da Serra da Estrela, Gouveia é a próxima terra em que há-de cantar bem alto os temas da sua vida…
Cento e poucos quilómetros de estrada fazem-se bem, para cima é fácil, fresco, descansado, para baixo será bem mais difícil, com as pernas cansadas, o sono a começar a pesar e os quilómetros que faz acompanhado da sua solidão, monótonos, enormes, compridos demais…
No entanto, era um dia especial, valia o sacrifício pela recompensa pois, quando dessem as primeiras badaladas do dia seguinte, seria o dia do homem, o dia em que “rasgou o ventre de sua mãe” em busca de liberdade… Ah Régio, Régio, desta vez eu vou por aí...
Um concerto mais, as velhas músicas que batem na alma do homem, que dão sentido à sua solitária existência, que ainda o fazem buscar por mais um sentido para a sua vida… Como sempre, o saldo é positivo, duas horas de concerto, três encores, um alinhamento que foi buscar os meus hinos quase todos como, por exemplo, o “Homem do leme”, três músicas tocadas a seguir ao tradicional “Casinha” que encerra os concertos, isto porque hoje era o dia do João, outro homem que faz anos a 14 de Agosto…
Não me lembro de ter tido qualquer dia de aniversário como este, assisti a um extraordinário concerto, fiz 420 fotos, curti, dancei, quase chorei quando veio o tema que mais me bate, no fim do concerto fiquei mais uns resistentes da velha guarda e, à boa maneira simpática destes velhotes, lá entramos para os cumprimentos e felicitações da praxe, autógrafos para os mais novos, fotos para os mais velhos… Continuam a ser os gajos simples e porreiros de sempre, o Zé Pedro contínua a ser o mesmo camarada que me deu a minha primeira vodka a beber, o Kalu e o Tim sempre com o mesmo sorriso, o João sempre mais reservado, o Gui o mais “normal” deles todos…
Desta vez tenho fotos fabulosas, e tenho algumas feitas com eles em que pedi a alguém para nos fotografar… Fiz fotos deles todos, individualmente, e cinco fotos comigo e com cada um deles, um dia talvez as coloque cá para que todos os que por aqui vadiam possam ver…
No dia em que passou mais um aniversário meu, talvez a melhor noite de aniversário que tive nos últimos anos, valeu a pena fazer perto de 250 kms para poder ver esta rapaziada novamente, para poder sentir-me vivo novamente, com as guitarras a cantar e aquela voz agreste a caminho da minha alma...
É tempo de ir, últimos cumprimentos e despedidas, votos de boa viagem e um “até amanhã” pois hoje é novamente dia da estrada, desta vez em Oleiros, Castelo Branco... Não sei ainda se vou, estou extremamente cansado pois fui para a cama às 5h da manhã e levantei-me às 8 para vir trabalhar, a idade já começa a pesar, mas já sei que, enquanto a noite cai, começa-me a ferver o sangue…
Quarto concerto do ano, o melhor deles todos, o que mais prazer me deu assistir... Por tudo... Lá diz a canção, devidamente transformada “É amanhã, 14 de Agosto, nasceu o homem, estava o fogo posto…”
A gente vê-se por aí…