Entra o ano e sai o ano e cá vamos tocando o barco que é a nossa vida. A minha vai boa, o emprego mantém-se, o filho lá vai correndo e até o amor veio fazer das suas. Sou, por natureza, positivo, apesar de haver dias mais cinzentos, tento sempre que estes não roubem a luz dos outros dias que fazem a minha vida. Simples, sempre, que de coisas simples é feita a vida deste homem. Menos negro, agora, porque também sei quando o tempo é de sorrir...
A árvore deste ano é um pinheiro a sério e as prendas já lhe enchem a base. Mais logo há bacalhau com batatas, cenouras, couves, ovos e pão caseiro. Um Muralhas a acompanhar que cá em casa a preferência vai para os brancos e verdes, velhoses ali da vizinha (que saudades da minha velhota e dos seus coscorões), doces e chocolates para sobremesa e, mais importante que tudo, a companhia do meu filho e do meu pai...
Fica um recordar dos meus que já partiram e de outros que a vida apartou de mim. Nunca me esqueço de quem cruzou a minha vida, nunca deixo de pensar todos os dias nas pessoas que me ajudaram com a sua existência. Esta noite, com todas as outras noites, algures, haverá sempre alguém que hei-de recordar com saudade. Porque vida é feita de ir e vir e vamos vivendo nos intervalos...
Cá vamos, companheiros e companheiras. Votos de um Feliz Natal, de um Ano Novo melhor que este que vai findando e de muita saúde. Não se esqueçam de amar porque a vida sem o tempero de gostar de alguém perde muito do seu sentido. E eu quero muito, no fundo queremos todos, ser o mais feliz possível. Um dia de cada vez...
Boas festas. A gente vê-se por aí...
Correm maus os dias em que os mais necessitados vêm a fome aproximar-se a passos largos e sem saber como cuidar da prole. Cortam-se abonos, subsídios de apoio, dificulta-se o acesso ao ensino, a saúde é cada vez mais cara e o dinheiro mais escasso. Como se os filhos dos pobres não pudessem ficar doentes ou mesmo estudar, como se só contássemos na hora de eleger os carrascos que nos vão maltratar durante mais quatro anos. O que é, de facto, a causa maior...
Aqui e ali há traços de solidariedade, é certo, como, por exemplo, a campanha do banco alimentar, que, em dias de crise, ultrapassou as melhores expectativas, demonstrando que aqueles que mais dificuldades vivem são os que mais depressa ajudam. Ou as ajudas à Ajuda de Berço, que tanto bem faz às crianças que a sociedade rejeita. Ou ainda os voluntários que cruzam ruas levando um pouco de comida aos que já nada mais esperam da vida. Porque, acreditarei sempre, ainda somos uns para os outros...
Mas há muito quem se aproveite da boa vontade alheia. E este simples alinhavar de palavras tem como objectivo repudiar a mesquinhice e a hipocrisia que é a campanha dos hipermercados continente com a causa maior e as popotas e o raio que os parta a todos. Fazem um figurão com o nosso dinheiro e depois, provávelmente, ainda vão descontar nos impostos. E toca de ir para a televisão sorrir e tratar como seu aquilo que não o é...
Mais, alargando horizontes, que dizer do chumbo pelo PS ao projecto de lei do Partido Comunista que previa efeitos retroactivos na cobrança de impostos às empresas que anteciparam os dividendos, roubando, é o termo, milhões em impostos? Como podemos aceitar de ânimo leve que nos obriguem a fazer sacrifícios e depois deixem o capitalismo roubar o que devia ser de todos? Como é possível que o PS possa olhar de frente até para os seus próprios apoiantes, cortando salários, mas deixando este fartar vilanagem assumir foros de normalidade? Porque dos laranjinhas e dos reboques a malta já sabia o que esperar
Correm maus os tempos, é certo. Mas, sabemos bem, que isso não é verdade para todos. Porque os que mais precisam são sempre os que mais prejudicados são. Com o repetir constante da palavra crise, assustam-se os pequeninos, para que os grandes possam fazer caminho da imoralidade dos seus actos perante o sacrifício que devia ser colectivo. Por isso têm tanto medo do FMI?
Não me envergonho de ser português porque a pátria lusitana canta no meu coração, um orgulho em fazer parte de um povo que tantos mundos deu ao mundo. Mas envergonho-me que o meu povo permita que se faça tão pouco dele sem levantar a cabeça e protestar. E que permita que, em dias tão dificeis, os bancos e as empresas públicas possam apresentar lucros fabulosos sem serem por isso penalizados...
Porque, é bom de ver, essa tal de crise é da responsabilidade desta gentalha sem escrúpulos e permitida por outra gentalha igualmente sem moral, mas com a agravante de ter sido eleita por nós. Sócrates e Assis são um bom exemplo da falta de coragem enquanto representantes do povo, da covardia politica que demonstram com a subserviência ao grande capital, da falta de espinha dorsal enquanto seres humanos. Não prestam. E nós sabemos e nada fazemos. E isso é que dói...
Então, se são tantos os maus exemplos, tanta a podridão, o que será que faz falta para acordarmos de vez? Porque continuamos de 4 em 4 anos a votar nesta gentalha que só se lembra de nós quando a hora é de ir ao poleiro? Será que gostamos assim tanto de ser enxovalhados? Alguém que saiba mais do que eu que me ensine porque eu não consigo entender o que tanto medo nos causa. Porque a pouco e pouco vamos ficando sem os direitos que Abril (e graças aos comunistas, há que dizê-lo sem vergonha) nos deu. E qualquer dia sem liberdade para protestar. Mas nessa altura já deve ser tarde...
A gente vê-se por aí...
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