Quando eu morrer, dá-me um cravo vermelho, simbolo da liberdade, e leva-me ao mar. Não chores, a vida é o que mais bonito temos e eu procurei sempre viver a minha da forma mais pura possível... Porque sei sorrir e sei chorar... Bem-vindo sejas...
Quarta-feira, 31 de Março de 2010
Opções...

 

     Sempre foram mais de 20 anos da minha vida. Fiz-me homem lá, naquelas paredes ficaram muitas gargalhadas, muitas tristezas, muitos amigos. O meu patrão velho era homem de bom coração, bruto muitas vezes mas depois tudo serenava. Respeitava-o, foi meu amigo, quando a minha irmã faleceu disponibilizou-me dinheiro para fazer face às custas do funeral, quando montei o meu negócio, emprestou-me dinheiro para arrancar. Se hoje por alguma razão precisasse de mim, eu estaria disponível...

     Foi meu patrão durante quinze anos, passamos dias difíceis, muitas noites a trabalhar, às vezes ao fim de semana, para que aquela empresa pudesse andar para a frente. E generoso, nunca se esquecia do pessoal do escritório no Natal e pagava ordenados acima da tabela. No fundo, o carinho que eu tinha por aquela empresa provinha também desta nossa relação de patrão/empregado com muita cumplicidade à mistura. E discutíamos politica, mas na hora de trabalhar era para trabalhar. Cada coisa no seu tempo...

     Com a empresa em dificuldades, a solução passava por vendê-la, havia uns espanhóis interessados mas ao meu patrão velho custava-lhe que a empresa fosse para estranhos. Convenceu o filho a tomar as rédeas do negócio e a trabalhar para que a empresa crescesse, de forma a assegurar o futuro de todos. E ele veio, lembro-me que nos primeiros dias pensei que sangue novo na gestão era exactamente aquilo que precisávamos. E prometeu-nos mundos e fundos. Por outro lado, eu já o conhecia, tenho até fotos tiradas com ele, de braço dado, na Queima das Fitas em Coimbra quando andava a tirar o curso...

     Rapidamente verifiquei que me tinha enganado. Como se diz, a montanha pariu um rato. Instalou-se na empresa uma cultura de "quem me lambe o cu é meu amigo, quem não lambe é para abater", os que ele contratava com bons ordenados, os outros com ordenados fracos, arrogante, com a mania que ele é que sabia tudo, desrespeitando quem tanto tinha dado à empresa e tantas dificuldades lá enfrentou, mal-educado, em suma, tão novo e tão mau. E incompetente...

     Caminhámos para o abismo num instantinho com as politicas sem sentido e a má gestão de quem não percebia nada do que estava a fazer. As dividas constantes, o não pagar a tempo e horas aos fornecedores, o substituir empresas colaboradoras com créditos dados (alguns a trabalhar connosco à mais de 30 anos) por empreiteiros de vão de escada, o não pagar aos trabalhadores e ainda ser mal-educado com eles, o continuar sempre de espinha direita apesar de não ser mais que um vulgar caloteiro...

     Quando ia trabalhar de manhã já levava o sangue a ferver a pensar na próxima idiotice que teria de engolir. Porque quem trabalha por conta doutrem engole muitos sapos e, neste caso, devido à época difícil que atravessamos, mais fácilmente se tinha que gramar a postura abusadora e o porte altivo que não eram sustentados pelo carácter da pessoa em questão, antes pelo contrario. No fundo, uma fraude, onde as caganças eram mais que as andanças...

     Aturei-o até ao dia que me fartei das mentiras pois, uma vez mais, nos mentiu acerca do pagamento do ordenado. Mandou passar os cheques e depois voltou com a palavra atrás. Não tolerei tal, fui ao banco e levantei o meu ordenado e resolvi enfrentá-lo. Tornou-se evidente que a minha única saída era a porta da rua, ou negociava ou ia para tribunal. Negociei, o tribunal levar-me-ia pelo menos dois anos e a minha convicção era a de que a empresa não duraria tanto. Isso e alguns avisos que gente honesta me fez chegar. E vim-me embora com a convicção de que a culpa não era minha, mas de um empresário da treta, o que na gíria da construção civil se chama pato-bravo...

     A empresa à qual entreguei mais de vinte anos da minha vida,  ficou para trás. Trouxe de lá muitas recordações e muitas dúvidas, mas também a vontade de começar de novo num qualquer sítio onde me respeitassem e ao meu trabalho. Não está a ser fácil, mas eu vou à procura todos os dias. E não tenho medo da luta porque endireitei a espinha e porque agora não tenho que engolir mais sapos. Pelo menos deste indivíduo...

     A empresa onde trabalhei toda a minha vida de adulto entrou em insolvência na segunda-feira. Os meus ex-colegas ficaram com três ordenados por receber....

 



vadiado por homem de negro às 23:15
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Quinta-feira, 25 de Março de 2010
PECulariedades...

 

Se não há uma revolução neste país é simplesmente porque já não há revolucionários, que os motivos de revolta não faltam...

 

(Fonte: internet)

 

     Depois de ler assim aquela coisa do PEC, fiquei com a ideia que não há mesmo volta a dar. O ladrão-mor, acobertado pelos outros aspirantes a futuros ladrões, lá arranjou forma de roubar mais ainda os mais necessitados. Porque é que não vão buscar esses filhos-da-puta dos desempregados, abrem uma vala e simplesmente fuzilam-nos e acabam com o problema? Porque é que temos de pagar os desvarios do capitalismo selvagem que se instalou na nossa sociedade, que tudo rouba e tudo despreza, que nos atira para as ruas da amargura e depois ainda nos obriga a pagar uma crise da qual não somos culpados? Porque é que os bancos pagam menos impostos que as outras empresas? Porque é que se fazem sucessivos perdões fiscais que beneficiam os que não cumprem?

     A sociedade civil olha para os desempregados como parasitas. Alguns se-lo-ão, certamente. Compete ao estado fiscalizar tal. Mas a maior parte de nós apenas quer regressar o mais rapidamente possível ao trabalho. Porque não estamos habituados a estar parados. Eu trabalho desde os 12 anos de idade, trabalhei em isolamentos, distribuidor de bebidas, nas obras, fui ajudante de electricista, vendedor de seguros, comissionista, tive um centro de cópias, fui jornalista, fotógrafo, foto-jornalista, empregado de escritório, motorista de distribuição, vendedor de produtos para restaurantes e fiz formação profissional, o 10º, 11º e 12º anos e licenciatura em regime de trabalhador-estudante. Nunca parei, nunca estive doente, nunca recebi nem baixa, nem subsídio de desemprego. Mas agora esse azar bateu-me à porta. Serei eu que sou malandro e não quero trabalhar?

     Um destes dias tive de ir à Caixa Geral de Depósitos tratar de uns papeis e quando referi que estava desempregado, a funcionária disse-me com um sorriso amarelo: "Infelizmente, andamos nós a descontar para vocês". Foi o diabo, respondi-lhe com tudo o que descrevi acima. E com maus modos. E ainda acrescentei "Você tem para aí 30 anos, formou-se com vinte e tal, trabalha à meia dúzia de anos e anda a descontar para mim?". Cravei-lhe os olhos nos dela e a verdade é que ela até mudou de cor. Mas provavelmente este deve ser um pensamento comum a muitas pessoas a quem o azar não bateu à porta. Que não fazem a mínima ideia do que é andar de porta em porta a pedir trabalho, enviar currículos pela net ou ir ao centro de emprego encontrar outros malandros como nós que também não querem trabalhar. Basta ver a tristeza em determinados olhares... 

     Será que eu sou um parasita da sociedade? Será que enquanto trabalhava, pagava os meus impostos e enchia os bolsos a um empresário da treta que me colocou nesta situação por ser um aldrabão e não respeitar ninguém é que eu tinha valor? Não estarão as premissas, de todo, erradas? Até porque também já fui empresário, paguei sempre os meus impostos a tempo e horas e aos meus funcionários atempadamente. E será que, depois de trabalhar 21 anos para uma empresa, não foi legitimo revoltar-me por não receber a tempo e horas, coisa que já tinha acontecido mais vezes? Receber pouco, tarde, a más horas, com má educação e ainda me calar? Curiosamente, os meus antigos colegas não recebem à três meses...

     Este PEC é um nojo, para mim não é mais do que um Plano Especial de Chulice, penaliza (mais ainda) os rendimentos mais baixos e deixa de fora os que deviam efectivamente pagar a crise. Sócrates mente com os dentes todos quando diz que não aumenta os impostos. Pois não, corta nas despesas da saúde e da educação. Congelar os bónus dos gestores durante dois anos? Deve ser um problema do caraças para o Zeinal Bava, o tal que ganha mais num dia que 200 operadores de call-center num mês, vai viver com muitas dificuldades, coitado. É um fartar VILANAGEM. É uma VERGONHA. É uma ROUBALHEIRA. São uma cambada de LADRÕES. É preciso REVOLTA. É necessário um novo 25 de Abril, mas desta vez nada dessas mariquices de cravos, há que cortar é o pescoço a meia duzia destes chupistas. Porque, como diz o outro, "Se deus existe, porque é que os politicos vivem tanto?"...

 



vadiado por homem de negro às 19:46
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Terça-feira, 23 de Março de 2010
Queremos mais...

 

(fonte: sapo)

     Feitas as visualizações e leituras de tudo o que se disse acerca deste jogo, salientam-se apenas a violência estúpida e sem sentido da parte dos adeptos e a emoção de Jorge Jesus na hora de dedicar a vitoria, não conseguindo segurar as lágrimas quando dedicou a Taça Carlsberg ao pai, que se encontra bastante doente. Em relação ao resto, pareceu-me que Jesualdo Ferreira, com o devido respeito, não viu o mesmo jogo que o resto do pessoal. Nem ele, nem o árbitro que não conseguiu ver as sucessivas agressões de Bruno Alves a tudo o que fosse vermelho, deixando os adeptos benfiquistas a questionarem-se como é que um jogador como este, com o mau perder e mau carácter que apresentou, chega ao final do jogo sem ser expulso. Um digno sucessor de Paulinho Santos...

     Quanto à análise do jogo, propriamente dita, foi evidente a superioridade e regularidade do Benfica, de resto patente ao longo da época, permitindo-nos a nós simples adeptos, daqueles que gostam do futebol apenas pelo futebol, acalentar a esperança de este ano ser o ano da águia. É verdade que o frango do guarda redes azul e branco nos abriu o caminho, mas o pontapé de Carlos Martins é fabuloso em qualquer parte do mundo e a clarividência de Cardozo, na hora de aproveitar um ressalto, é igualmente fantástica. Quanto ao resto, são as formiguinhas e os homens do fato-de-macaco a trabalhar, mesmo os jogadores ditos de segunda linha demonstraram que têm valor para serem de primeira. E são-no, seguramente, como ficou bem patente na primeira parte do jogo, mas aí também é evidente a qualidade do treinador...

     Ganhámos porque jogámos mais, fomos melhores e não houve, desta vez, jogadas duvidosas daquelas que levam os adversários a dizer que somos levados ao colo. Ganhámos porque a nossa equipa dominou completamente o jogo, basta referir que o Porto na segunda parte nunca conseguiu sequer chegar à nossa área, mérito do menino David e do Girafa. Ganhámos porque o nosso meio campo foi brutal não permitindo ao adversário as transições ofensivas que eram uma imagem de marca. Ganhamos porque o Kardec, mesmo não marcando, e à semelhança de Oscar Cardozo, sabe levar atrás de si a defesa. Ganhamos, porque sim e porque foi sem espinhas...

     E a imagem das trombas de Pinto da Costa e Reinaldo Teles no camarote foi sublime, ver este individuo obrigado a meter a bola no saco depois das sucessivas tareias que tem levado este ano e das humilhações que tem sofrido, é algo de espectacular. A arrogância paga-se, mais dia menos dia. Quer se queira, quer não, o Porto está irreconhecível, creio que se fechou o ciclo do seu treinador e que é tempo de começarem a olhar para uma época bastante má com olhos de ver e não a atirar culpas para fora, como é hábito. Mau hábito, que também não gosto de ver nos meus, mas eles lá saberão, por mim podem continuar assim nas próximas épocas...

     Por agora, festejamos esta jarra, que foi bastante desvalorizada pelo adversário, e ficamos à espera do resto, se ganharmos ao Braga, o que eu acredito ser possível, então o resto do campeonato será um passeio. E a Liga Europa também está ao alcance, embora aí os adversários sejam de nomeada. E então se apanharmos árbitros como o que apitou o jogo conta o Marselha, será mais difícil ainda. Mas não é impossível, só temos de jogar o dobro. Temos o direito de sonhar, como é óbvio, mas sempre com os pés assentes na terra porque é passo a passo que se constrói qualquer caminho...

     No entanto, como este blog apregoa o fair-play aqui fica a nossa contribuição para o novo patrocinador do Porto na próxima época. Não precisam de agradecer, roubei algures na net...

 

     Saudações benfiquistas. A gente vê-se por aí...

  



vadiado por homem de negro às 02:46
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Domingo, 21 de Março de 2010
Em nome dos pais...

    

 

 

 

 

"Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos..."

 

Friedrich von Schiller

 

 

 

 

     Quis o destino que tivesse sido convidado para fotografar comercialmente a apresentação de uma associação de apoio às crianças portadoras de trissomia 21, a Associação Olhar 21 - Associação de Apoio à Inclusão do Cidadão com Trissomia 21, com o patrono do Dr. Laborinho Lúcio. Para quem não saiba (e eu não sabia) assinala-se a 21 de Março o Dia Mundial da Trissomia 21. E nestas coisas relacionadas com deficiências, sou extremamente curioso, quer pelo facto de me considerar bastante sensibilizado em relação a tudo o que diga respeito a crianças, quer pela minha vertente de pai...

 

     A verdade é que, em tempos, quando fazia jornalismo ao fim de semana para o Diário de Coimbra, tive oportunidade de fazer um artigo sobre crianças deficientes de uma outra associação, da Lousã, e vim de lá completamente fascinado pelo trabalhado daquela gente e, igualmente, pela força das pessoas que frequentavam a associação. Foi-me por demais evidente que há, de facto, muito quem dê de si pelos outros. Acredito, nestes dias, que somos efectivamente uns para os outros...

 

     Tal como nessa altura, ontem houve alturas que encostei a máquina e deixei-me simplesmente ficar a ouvir testemunhos de gente com filhos portadores da deficiência e da grandeza das suas palavras, da imensidão das suas lutas, de serem, efectivamente, super-pais e super-mães, lado a lado com super-irmãos. Não tenho ilusões, é uma luta desigual, onde a luz ao fundo do túnel raramente existe. Faltam associações, professores, terapeutas, falta acima de tudo o interesse do estado por uma causa que passa ao lado da maior parte de nós pais, inclusive. Porque é sempre um problema dos outros até ao dia que nos bate à porta...

 

     Os objectivos da associação são os seguintes:

 

  1.  Promover e facilitar a inclusão e integração social global do cidadão com trissomia 21;
  2. Sensibilizar a comunidade em geral para as questões relacionadas com a trissomia 21, fazendo a sua divulgação junto das entidades oficiais, empresas, estabelecimentos educativos, desportivos e culturais;
  3. Contribuir activamente para a defesa dos legítimos direitos e interesses do cidadão com trissomia 21;
  4. Fomentar e implementar acções relacionadas com os aspectos científicos, educacionais, profissionais e sociais da trissomia 21

     Gostei dos miúdos, alguns deles extremamente carinhosos e educados, conversadores, numa pose constante para o "sr. fotógrafo tirar o retrato". Gostei de ver os diversos workshops de desenho, musica, pinturas faciais, dança e a forma como estes meninos especiais interagiam com os outros meninos. Porque no fundo são todos crianças e a realidade dos mesmos às vezes prepara-os para estas situações. Gostei de fazer este trabalho e de, por uma tarde, fazer parte de um mundo que todos nós devemos acarinhar. E trouxe a imagem de um caso de sucesso, o Henri, o outrora menino que hoje trabalha com cavalos e que um dia disse que se não tivesse trissomia 21, gostaria de ter trissomia 22. Fascinante e demonstrativo que é possível ir mais além em relação a esta realidade. Como tudo, basta querermos...

    

     É preciso olhar para o mundo com olhos de ver. A gente vê-se por aí...

 

 

www.olhar21.com

 

  

 



vadiado por homem de negro às 23:48
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Sábado, 20 de Março de 2010
Dia de menino...

 

 

 

(fonte: google)

 

     Continuam a ser imensos os abraços que trocamos. Em qualquer dia porque qualquer dia é bom para trocar abraços e beijos. E sermos companheiros porque a vida só tem sentido se, de alguma forma, for partilhada. E os anos vão passando e ainda continuamos a ter prazer em ficar sentados a apreciar as coisas lindas da vida. Sempre as mais simples. Como os desenhos que trouxe da escola para o melhor pai do mundo. Fantástico. Porque a vida ainda continua a ser uma descoberta...

     Para hoje, nada de especial. Porque sou pai todos os dias, mesmo naqueles em que as contingências da vida não nos permitem estar juntos. É facto que, até hoje, tenho uma relação excelente com o meu filho, que tento passar para ele o prazer de amar um filho mesmo nos dias em que ele não se porta bem. Por isso, hoje fomos jantar fora, ao gosto dele, porque o dia é meu mas o prazer é dos dois. E fico feliz quando ele está feliz, tão simplesmente isso...

     Um jantar no MacDonald's, que há bonecos novos e tudo é sempre uma descoberta. Um passeio no parque ali pertinho, por entre meia dúzia de pingos da chuva que teimou em fazer-nos companhia. Escorregas, balancés, corridas, cheiro a menino e mais abraços, tantos quantos nos apeteça. De mão dada, como os bebés, "Pai, pára que eu já sou um homem", sorrisos maliciosos, prazer em estar juntos, carinho muito...

     Não me lembro de dias do pai com o meu pai, a vida era outra e essas coisas não faziam sentido. Mas compenso com o meu filho e tento sempre dar-lhe mais do que aquilo que recebi porque, de certa forma, ele há coisas que só dão sentido à vida muito mais tarde, quando são as recordações que nos fazem gostar de ter vivido. E partilhado com uma criança a simplicidade de ser pai e filho. Porque é fácil ser pai, basta que assim o queiramos...

     Agora vou pegar-lhe ao colo e levá-lo para dormir. É tarde e ele já dorme no sofá, adormeceu a ver os bonecos e, provavelmente, a sonhar com mais brincadeiras para amanhã. É dia de torneio de futebol, vamos fazer a folha aos miúdos da Mealhada. Ou eles a nós. Mas ganhe ou perca, digo-lhe sempre que o importante é jogar à bola e sorrir. E no fim cumprimentar o adversário e trocar mais um abraço aqui com o velhote. Porque, felizmente, amanhã também é dia do pai e no outro e ainda no outro a seguir. É assim como o natal, é quando um pai quer. E eu quero sempre que nunca sou farto do carinho dele...

     Dorme bem, meu filhinho. Amo-te...

 



vadiado por homem de negro às 00:06
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Quinta-feira, 18 de Março de 2010
É golo, é golo...

 

 

Fonte: Internet / Legenda: Supermaxi, o homem do fato-de-macaco

 

 

     São já 100 os golos marcados pelo Benfica esta época. Muitos deles deliciosos, de encher o olho. Outros simples, mas igualmente importantes. Como os de hoje, frente ao Marselha, um bicho papão que afinal népias, foi mais bicho papinho. E o Velódrome ali, caladinho, a ouvir meia dúzia de tugas a gritar pelo Benfica...

     Mesmo a jogar também contra o árbitro, fomos melhores. Um excelente jogo, diga-se. Feito de garra, de luta, de querer, de vedetas mas onde os homens do fato-de-macaco levaram a melhor. Porque uma equipa é isso mesmo, juntar tudo e tirar o melhor. E mestre Jesus sabe-la toda...

     Venha o próximo que estes já são história. Parabéns Benfica. E só tenho mesmo pena é que o Sporting não tenha igualmente conseguido chegar à vitória, foi por pouco. Porque lá fora, gosto de todos...

     A gente vê-se por aí...

 



vadiado por homem de negro às 23:27
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Medo...

 

 

 

     Percorre-me a alma um imenso mundo de tristeza e dor. Pelas muitas recordações de quem tenho amado e se foi embora. Pela minha mãe. Pelo meu primo. Pelos amigos que foram ficando pelo caminho. Por tudo o que perdi ao longo dos últimos tempos, pelo muito pouco que tenho agora. Apenas a incerteza campeia e ganha espaço em mim...

     Corri este dia que de sol foi em tons de cinzento. A busca contínua por um trabalho que me devolva a dignidade, sem resultados. A luta diária para resolver todos os problemas que me surgem no caminho, para levantar a cabeça e lutar por uma vida melhor, para poder dar ao meu filho o que lhe tenho dado até agora...

     Às vezes, em noites como esta, faltam-me as forças. A tristeza que me buscou durante todo o dia explode noite fora em lágrimas e em desespero, em vontade de desistir desta vida malvada que só me traz tristezas. Sinto crescer em mim uma vontade de partir para um qualquer outro lugar onde a vida volte a ganhar sentido. Mas até isso me está vedado porque continuo a ter vidas para acompanhar, como diz a canção...

     Vou ali e sento-me, fumo um cigarro e converso com a minha mãe. Choro. Peço ajuda. Tenho medo, fluem-me dos olhos estas lágrimas companheiras que tantas vezes me ajudaram a tirar do peito esta dor, este sufoco, esta vontade de ir. Simplesmente ir, sem olhar para trás...

     Precisava de ti, mãe. Que me olhasses e me acariciasses o cabelo. Que me sorrisses e não me deixasses sentir tão só, tão pequenino, tão perdido. É em dias assim que me lembro mais de ti, quando não sei o que fazer da minha vida, quando esta não tem qualquer sentido. E nem a chuva que cai me ajuda...

     Vela por mim, minha mãe, que a loucura atravessa-me a mente e às vezes já não sei quem sou. Porque não quero ser este ser que tanta tristeza sente hoje. Vela por mim, irmãzita, que tenho comigo um vazio maldito que me faz ter medo da vida. Eu que não sou de desistir. Mas, hoje, tenho medo...

 

 



vadiado por homem de negro às 01:23
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Sábado, 13 de Março de 2010
Gente de nós...

 

 

"O meu pai era um homem fixe, não era?", disse-me, olhando-me, com as lágrimas a querer saltar dos olhos. Anui, enquanto a abraçava, as minhas lágrimas igualmente a saltar, acariciando-lhe o cabelo...

 

É verdade, caro primo, eras mesmo um fixe, um excelente pai, um bom marido, um homem trabalhador e sempre a lutar por mais, para poder dar aos teus filhos uma vida melhor do que aquela que tiveste de enfrentar. As serranias da Lousã sabem bem do que foi feita a tua luta...

Mas a vida traz-nos sempre estas surpresas más. Venceste parte da luta mas o fantasma voltou para te assombrar. Definitivamente. E amanhã regressarás à terra na terra que te viu nascer. Acompanhar-te-emos, ali no cimo do monte de onde só voltam os que trazem as lágrimas e a tristeza...

Vai em paz. Olharei pela minha afilhadita e ajudá-la-ei o quanto puder. Sabes que esta família até consegue ter dias bons. E amanhã juntamo-nos como sempre, umas vezes para casamentos, ultimamente apenas para funerais. E vão três, o tio Vergílio, a minha mãe, agora tu...

Sabes, deixa-me chorar, apenas, enquanto alinhavo estas letras com sabor a lagrimas. Dentro da minha dor e da lembrança do gajo porreiro que eras. Porque, eras mesmo um fixe, companheiro. Pois lembrar-me-ei sempre daqueles dias em que a mais velha não tinha estilo definido, ora era metálica, ora punk, ora beta, enfim, e eu a dar-te na cabeça para deixares andar que isso passa. Não soubesse eu... 

Vamos ter saudades de ti e do teu sorriso pronto, como dizem as tias, das tuas cores bonitas, da tua alegria, da tua bonomia e sorriremos sempre, tenho a certeza, quando nos lembrarmos. Porque sabemos bem que morreremos no dia em que deixarmos de rir...

Um abraço vadio, caro primo. Um dia havemos todos de nos ver por aí...



vadiado por homem de negro às 19:43
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Segunda-feira, 8 de Março de 2010
O nosso dia...

 

 

 

 

Hoje é o nosso dia e logo pela manhã no cais dos barcos ofereciam-se flores as Mulheres…

Eu, infelizmente, e NUNCA escondi ou escondo de alguém, sou daquele tipo de Mulheres que recebeu anos e anos a fio MUITAS FLORES, mas flores para me calarem…

flores que vinham nos dias seguintes as agressões, flores que me tocavam e me “faziam” continuar enganada ao lado de alguém que merecia tudo menos que eu fosse a sua mulher.

Não sou vitima e se passei pelo que passei, foi porque também o deixei, por enumeras razões que não vou voltar a referir, porque já o fiz e sinceramente…é passado.

No entanto, nunca poderei ignorar reportagens, filmes, vídeos, noticias que falem de violência doméstica, as marcas estão cá e essas só eu tenho de aprender a viver com elas.

No entanto, sei também que esta violência existe contra muitos homens, não tanto a física mas a psicológica, conheço casos e sei que é verdade…

mas, todos sabemos que é maioritariamente no sexo feminino.

Eu falo por mim e hoje, de cabeça fria, olhando para trás penso nas razões que levaram alguém a querer me destruir…

E sei bem quais foram, são aquelas que me orgulho de ter e que mesmo depois de 13 anos de violência não foram destruídas, é a minha maneira de ser que me fez ser vitima e a minha aparência, porque durante anos eu não podia “brilhar” mais que o meu ex-marido e em qualquer lugar público que eu falasse, ele tinha de me fazer calar, ele sim tinha de ser o centro das atenções e eu apenas a pessoa que o acompanhava.

Foi a minha frontalidade e falta de cinismo que muitas vezes me fez levar estalos na cara, porque se não estou bem, não finjo…

foi o meu amor pelos meus filhos que me fez ser humilhada em público, por ser Mãe acima de tudo e não abdicar do bem-estar deles em prole de festas ou jantares que nada me diziam.

Foi amar de uma forma desmedida um Homem que nunca soube o que era amor, nunca o teve e cresceu frio e achar que o dinheiro e o poder movem o Mundo, infelizmente movem, muita coisa, mas a mim não me moveu, não me comprou e muito menos me fez deixar de ser quem sou.

Foi o pensar que a pessoa que estava comigo era como eu e nunca me enganaria, faria mal ou me prejudicaria, enganei-me redondamente…

nem eu sendo a Mãe dos filhos dele, o demoveu e ainda hoje se pudesse ele me colocaria no lugar onde um dia disse que me iria ver…

debaixo da ponte a pedir esmola.

Resumindo…
eu, apenas quis ser eu própria ao lado de um Homem, fui Mãe, Mulher e Amiga durante anos e pouco tive em troca, porquê?

Porque sou Mulher e na cabeça de alguns Homens, a Mulher é “escrava” do Marido e apenas por isto tive o casamento que tive.

Não sou melhor do que ninguém, nem quero ser, tenho muitos defeitos, mas também tenho qualidades, sei que como Mulher estive a altura, esqueci-me foi de não abdicar de mim em prole de um casamento e de acreditar no que era capaz, isso fez de mim um objecto e deixei de ser Mulher!

Para todas as Mulheres apenas vos digam, nunca duvidem de vós, nunca percam a auto-estima, garanto-vos que serão melhores Mulheres e Mães e que os Homens que vos merecerem não deixam de vos amar por isso.

Nunca deixem que ninguém vos destrua, apenas porque são Mulheres e nunca percam a sensibilidade que nos caracteriza, porque isso é SER MULHER!

Mónica

 


 
Não pedi autorização à Monica para trazer este texto. Mas achei que tem tudo a ver com a hipocrisia deste dia. Embora eu ache que todos os dias de qualquer coisa são sempre uma hipocrisia, apenas pretendo demonstrar o quanto me honra ser amigo de alguém que fala de tudo o que sofreu sem mais medo...
 
Um abraço companheira. A gente vê-se por aí...
 
 


vadiado por homem de negro às 22:21
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