Quando eu morrer, dá-me um cravo vermelho, simbolo da liberdade, e leva-me ao mar. Não chores, a vida é o que mais bonito temos e eu procurei sempre viver a minha da forma mais pura possível...
Porque sei sorrir e sei chorar...
Bem-vindo sejas...
Sexta-feira, 27 de Março de 2009
About you...
This one goes out to the ones i love...
This one goes out to the ones who care...
sinto-me: Estou cá...
música: The one i love - REM
Terça-feira, 24 de Março de 2009
O mágico...
Este é que é o verdadeiro artista, é certo, mas e os outros três que não conseguiram converter as grandes penalidades, aumentando o número de finais perdidas por não saberem marcá-las? Esses são o quê?
sinto-me: Já chega de palhaçada...
música: Sou Benfica - UHF
Domingo, 22 de Março de 2009
Faço-me...
Faço-me de pequenas coisas
Do teu abraço ao sair da escola
Da luz da tua gargalhada
Da alegria de jogar à bola
Faço-me de coisas simples
Do teu sorriso desdentado
De um filme de bonecos a meias
Do teu olhar de safado
Faço-me de coisas giras
De um por do sol vadio
Da estrada partilhar
Do nosso viver sadio
Faço-me de coisas meigas
Do teu cheiro a menino
Da musica que queres ouvir
Do teu mundo pequenino
Faço-me de coisas vividas
Do mar sempre a cantar
Das fotografias que tiras
Do brilho no teu olhar
Faço-me de coisas diárias
Do pequeno almoço de torradas
Da fralda que gostas de cheirar
Das bolachas às carradas
Faço-me de ti sempre
Todos os dias sem fim
Do quanto te amo
De tudo seres para mim...
música: Imortais - Mafalda Veiga
sinto-me: Em contraponto...
Quinta-feira, 19 de Março de 2009
Procuro um sorriso...
Estranho dia do pai, este. Estranho e meio triste. Começou com os bombeiros à minha porta para levarem a minha velhota ao hospital, que já não a consigo levar na menina vadia. A consulta teve como resultado aquilo que já sabíamos, ela melhor do que ninguém porque as dores têm sido terríveis: vão tentar salvar a prótese do joelho, mas tudo indica que o corpo a rejeitou e por isso todas estas dores e inchaços. Um ano depois e duas operações seguidas, foi tudo em vão...
Não consigo descrever exactamente o desânimo que me vai na alma. Tento parecer sempre alegre e bem disposto, mas tudo isto não tem sido fácil. Não por mim, que me aguento à bronca, mas pelo sofrimento que lhe vejo nos olhos encovados, verdes apagados, nas lágrimas que às vezes deixa fugir, no facto de não comer, no sorriso que já não vejo há muito tempo. Bem ando de volta dela com parvoíces e mimos, mas não sei para onde foi o sorriso dela...
Às vezes tenho medo que me faltem as forças, que não consiga dar cumprimento a esta estranha empreitada, que não consiga estar lá para ela. Mas arrependo-me desses pensamentos porque, na verdade, quem sofre realmente é a pobre velhota. Os seus 76 anos já pediam um pouco mais de paz e de sossego para poder gozar da companhia do neto, para que eu os pudesse levar a passear os dois, por entre o sol e o mar...
Para já, o médico disse-me que vão tentar salvar a prótese, que farão tudo o que for possível. Se não conseguirem, terão de a retirar e fixar o joelho. Isto significa que serão mais seis meses entre o hospital, casa e recuperação, com a agravante de lhe serem colocados uns ferros que atravessam a perna, creio que lhe chamam antenas...
O meu destino acaba por estar aqui nos cuidados que presto à minha mãe, na atenção que lhe dou, em tudo o que faço para tentar recuperar a sua boa disposição. Por estes dias, a vida tem sido tão a correr que mal caio na cama é aterrar até de manhã. Entre as coisas do meu filho e as coisas da minha mãe, mal tenho tempo para mim, mas isso é o que menos importa nesta altura. Sempre tive pelo menos o fim de semana que passou que me soube pela vida. Apesar das lágrimas que já hoje não consegui evitar, essas mesmas que me bailam agora ainda...
Estranho mesmo este dia do pai. Não pelas prendas encantadoras que o meu filhote me deu, de produção própria, mas pelo vazio que sinto pelo facto de ela lá ter ficado, uma vez mais, deitada no meio da tristeza que já não lhe consigo arrancar. Nem sequer sou um menino da mamã, sou demasiado abrutalhado e rude para tal, mas sinto a falta do sorriso dela, da sua presença, do conversar com ela, de fazermos o jantar a meias, das guerras com o neto porque ele não quer comer a sopa...
Depois da escolinha do futebol, fui jantar com o filhote para ver se isto melhorava, mas hoje não é mesmo o meu dia. Nem noite. Nem aquele abraço dele que me costuma serenar a alma hoje resultou. Nada resulta. Apenas e sempre a imagem da minha mãe sentada na cadeira de rodas com uma tristeza infinita no olhar. E a sensação brutal de impotência que me atira abaixo...
Como sempre, amanhã é um novo dia, eu sei, há que levantar a cabeça e cerrar os dentes, haverá seguramente novas forças para lutar por eles. Espero eu, que ainda não me esqueci do bacalhau à lagareiro que ficou prometido e esquecido lá mais para trás...
Mas até que ponto pode alguém tanto sofrer sem querer desistir?
música: Imortais - Mafalda Veiga
sinto-me: Desanimado...
Tardes de encanto...
A mamã e o Rubi. Dois giraços...
Foi à volta de uma mesa que nos conhecemos, foi à volta da mesa que nos voltamos a encontrar. À boa maneira portuguesa, que mata saudades em redor de mesa farta, regada a bom vinho, temperada com sorrisos e companheirismo, o sorriso que encanta o homem e a mamã Dulcilena que nos recebeu a preceito, com mesa digna de reis...
O repasto ficou por conta da mamã, arroz de cabidela assim-assim, que lhe faltou o vinagre, um tinto de estalo e os doces, tarte de não sei quantos e molotof (acho eu), a fechar condignamente a refeição. A acompanhar, os miúdos, o meu "que está tão grande" e rapidamente desatou a brincar e o da Cristal, muito bem disposto, que a mamã chama de Rubi do Tesouro, a fazer valer a sua presença e a reclamar atenção (vais ser cantor, pá, que não te falta a goela)...
O Porto foi, como de costume, a cidade que nos juntou, mais precisamente Ermesinde, aquela terra que, segundo dizem, tem muitas gajas boas. Eu vi algumas, fizeram-me companhia e tirei-lhes as medidas. O aprazível Parque de Ermesinde, que até gaivotas tem, um sol de primavera e um lago mesmo a pedir para molhar os pés, tornaram a tarde ainda mais azul, cor que predomina por estas bandas, segundo consta, embora os comensais fossem na sua maior parte do clube da águia. Como tal, até a prenda que o homem levou para mestre Rubi vestir tinha as duas cores, azul e vermelho...
Valeu meninas, foi muito bom reencontrar-vos, adorei a vossa companhia e curti esse puto sorridente. Foi muito bom ter de novo ao colo um bebé, foi muito bom relembrar o sorriso que encantou o homem desde a primeira vez, foi especialmente bom ver sorrir de boa disposição essa mamã que eu tanto gosto. Pena que a tarde não tivesse sido mais comprida, que muito mais haveria seguramente para conversar e partilhar, mas cada um de nós tinha de ir à vida e a estrada chamava pelo homem...
Até um dia destes. A gente vê-se por aí...
sinto-me: Eu dou-te o arroz...
música: Porto sentido - Rui Veloso
Sexta-feira, 13 de Março de 2009
Rola a bola...
Rola a bola na televisão, como diz a canção, embora seja terça-feira apenas, um Sporting desinspirado e completamente desnorteado sofre golo atrás de golo, entre duas penteadelas do Miguel Veloso e mais uma jogada de aflição. A meia dúzia de gajos presentes no pequeno bar, que avia mines umas atrás das outras, entre amendoins e duas larachas, entreolha-se perguntando como é possível...
Chovem as bocas, muda aos cinco e acaba aos doze, é realmente mau demais para ser verdade. Toda a gente participa na festa do Bayern, até o Sporting que foi fazer de bombo da festa. Raios partam estes cromos que a trazem toda estudada...
Saio para a rua, está frio, os dias são já azuis e soalheiros, mas as noites ainda estão de casaco, rola a bola no campo, um vintena de miúdos corre atrás dela, depois de alongamentos, passes, e mais outras cenas deste mundo do futebol. O danado do guarda-redes principal, com nove anos apenas, é mais arrogante e mal-educado que os outros todos juntos, não gosta que lhe chamem frangueiro e responde torto...
Repouso o olhar sobre a tua figura que, de olhos abertos, absorve tudo o que o rodeia, procura aprender os exercícios que o mister manda. A tua primeira vez num campo de futebol a serio, ainda que pelado, e numa verdadeira equipa de futebol, com regras, disciplina, companheirismo, novos amigos...
Não demoras a começar a dar à língua com os outros, por alguma razão a tua professora diz que gostas muito de conversar. Lá corres meio desajeitadamente atrás da bola, ainda sem o "jeito" que se precisa, com indicação do treinador para o central ir com calma porque é o primeiro dia. Melhor, com holofotes, baliza e tudo, a primeira noite. Quem sabe se um dia não vais ser como o Jardel a voar sobre os centrais?
Isso não importa agora, gosto é de ver que, uma vez mais, te adaptas facilmente a uma situação nova, ao pó do campo e às bolas de treino, danadas de rijas e que fazem doer os pés, nada como aquelas macias que temos lá em casa. Apesar das vezes que ainda vieste à rede para me falares. No fim trazes-me um enorme sorriso, um abraço cansado a cheirar a menino, o rosto afogueado. E vê-se pela transpiração que te aplicaste. E que gostaste tanto que queres continuar, tu e mais os novos amigos que vais fazer entre os meninos da escolinha de futebol lá da terra...
Boa, puto, enches-me de alegria com esse sorriso. Vai lá ganhando então o jeito que essas belezas que estão aí em cima já te esperam e hão-de um destes dias calçar-te os pés. Mas, acima de tudo, sê feliz em cada chuto que deres, em cada amigo que conquistares, em cada golo que marcares, e também nos que falhares, em cada defesa que fizeres. Mesmo quando não ganhares, sê feliz porque muitas vezes, como tantas vezes dizemos um ao outro "o que interessa mesmo é divertirmo-nos..."
sinto-me: Está tudo...
música: A corrente do jogo - Cabeças no Ar
Terça-feira, 10 de Março de 2009
Flor do trigo...
Esses teus olhos enxutos Num fundo cavo de olheiras Esses lábios resolutos Boca de falas inteiras Essa fronte aonde os brutos Vararam balas certeiras Contam certa a tua vida Vida de lida e de luta De fome tão sem medida Que os campos todos enluta Ceifou-te ceifeira a morte Antes da própria sazão Quando o teu altivo porte Fazia sombra ao patrão Sua lei ditou-te a sorte Negra bala foi teu pão E o pão por nós semeado Com nosso suor colhido Pelo pobre é amassado Pelo rico só repartido Tanta seara continhas Visível já nas entranhas Em teu ventre a vida tinhas Na morte certeza tenhas Malditas ervas daninhas Hão-de ter mondas tamanhas Searas de grã estatura De raiva surda e vingança Crescerão da tua esperança Ceifada sem ser madura Teus destinos Catarina Não findaram sem renovo Tiveram morte assassina Hão-de ter vida de novo Na semente que germina Dos destinos do teu povo E na noite negra negra Do teu cabelo revolto nasce a Manhã do teu rosto No futuro de olhos posto AO RETRATO DE CATARINA Carlos Aboim Inglez |
Domingo, 8 de Março de 2009
Trabalho e pão...
Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou
Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p’ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p’ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
CANTAR ALENTEJANO
Vicente Campinas
música: A morte saiu à rua - Peste & Sida
sinto-me: À memória de uma Mulher...
Sexta-feira, 6 de Março de 2009
Por quem somos...
Porque a história da minha liberdade se faz da vida de muitos camaradas que vieram antes de mim, pelo respeito que lhes devo, pelas memórias que me legaram, 88 anos depois a luta continua...
sinto-me: Honrado pela memória...
música: Marcha dos Desalinhados - Resistência
Segunda-feira, 2 de Março de 2009
Voa...
Arrumo os pensamentos
ali, naquele cantinho da memória.
Guardo os sentimentos,
fazem parte da minha história
Penduro as minhas ideias,
num armário de recordações
Ao lado ficam os meus sentires,
no baú das emoções
Deito fora a saudade
Dessa não gosto, nunca gostei
Lembra-me que sou gente
Recorda-me que já amei…
Restam-me as amizades
São já bem poucas, é certo
A vida é feita de ir e vir, eu sei
Haverá sempre alguém por perto…
O defeito é meu, sei bem
Inquieto ser, sempre à procura
De outras vidas me alimento
Parasita serei, filho da loucura…
Tudo no seu lugar, posso ir
Em busca de um pouco de paz
Luto ainda por dias de azul
Deixar a tristeza para trás…
homem de negro
poemas vadios
música: Entre o céu e o chão - Tim
sinto-me: preso demais...