Se tivermos ensinado os nossos filhos a não se fixarem nas cores, para não verem as pessoas negras, amarelas, ruivas ou morenas...
Se os tivermos ensinado a agradecer tudo o que têm, não só para que saibam o que possuem mas, também, para que desejem fazer algo por aqueles que não têm...
Se os tivermos ensinado a amar este país e a não esquecer os milhares de pessoas que deram as suas vidas para que hoje eles possam gozar a paz e a liberdade...
Se tivermos ensinado os nossos filhos a respeitar as leis e a entender que, se não estão de acordo com elas, devem trabalhar para as mudar...
Se os tivermos ensinado a nunca, nunca se renderem perante qualquer coisa que façam ou sonhem porque, se não se derem por vencidos, acabarão por triunfar...
Se tivermos ensinado os nossos filhos que o mundo é realmente um belo lugar, cheio de gente bela, apesar do que vêm na televisão...
Se tivermos ensinado os nossos filhos a tratar bem dos idosos, dos animais, das plantas, a cuidar do Planeta...
Seremos os pais que devemos ser se os tivermos ensinado a amar, a não odiar nem a procurar vingança...
Santiago Pont Lezica
Até que ponto pode a alma de um ser sofrer sem agarrar com unhas e dentes a demência para se libertar da dor?
homem de negro - pensamentos incompletos
Eu sabia que, mais dia menos dia, me seria atribuído o justo valor. Obrigado à minha fiel secretária, sodona gata, pelo trabalho de pesquisa e a todas as minhas fãs por essa net fora...
Estou sem palavras e extremamente comovido...
A gente vê-se por aí...
Ai meu amor de sempre
O que eu já chorei por ti
Mas sempre
Para sempre
Gostarei de ti...
Foi com este tema que os Xutos começaram o concerto em Alvaiázere, no passado dia 13. Não fazendo parte do alinhamento da tournée deste ano e vendo as imagens que corriam nos écran, de imediato soubemos a razão pela qual tocaram este tema, o que se confirmou assim que a musica acabou...
Recolheram-se mais atrás os outros elementos da banda, chegou-se à frente o Zé Pedro para nos falar da Marta Ferreira, a eterna companheira dos Xutos e de muita estrada, a manager de sempre desta fabulosa banda. Porque nunca se esquece, falou-nos do muito que ela fez por eles, acabando por baixar o rosto com a voz embargada pelas lágrimas...
Não resistiu este homem, como não resistiu a maior parte de nós, dos mais velhos aos mais novos. Nesta altura chovia, como se até o céu quisesse dar uma carícia à Marta e a salva de palmas que se seguiu manifestou bem o carinho que temos por esta malta, desde o mais tenro dos putos (3, 4 anos), ao mais bêbado dos esganfiados que por lá vi. E com o eterno cheirinho a erva no ar...
Arrumadas as emoções, foi tempo de cantar e saltar. Desta vez tive a sorte de conhecer uma jornalista do Blitz que me pediu se eu podia enviar algumas das minhas fotos para o jornal ver se davam para publicar. Autorizaram-me a entrada no fosso para fotografar três musicas e depois livremente cá fora, com ressalva da primeira que nos pediram para não fotografarmos...
Voltei para casa tarde, com a noite por companheira e o negro por vestes, molhado porque choveu bastante, com cerca de 300 imagens nos meus cartões e novamente encantado. De facto, em noite de chuva foram cerca de 200 kms de estrada para voltar a "matar o bicho", mas valeu a pena. Vale sempre a pena enquanto as minhas pernas conseguirem fazer o caminho...
Quanto às fotos, segundo sei o Blitz vai publicar pelo menos uma das imagens na edição do próximo dia 28. Ficou um contacto para próximos eventos e a satisfação de ver uma foto minha nas páginas de um jornal que já conheço "desde pequenino"... Porque a primeira vez que vi o nome Xutos & Pontapés, tinha para aí 15 anos, foi nas páginas deste jornal...
O concerto de Alvaiázere foi, para mim, um dos mais marcantes acima de tudo por este sentir que o Zé Pedro nos deu, por não ter medo de partilhar esta dor connosco, por nos dar mais uma razão (que não precisamos, certamente) para estes anos todos...
A estrada, agora, vai levar-nos até Cantanhede, provávelmente mais o mini-xuto, foi lá que ele fez o baptismo, foi lá que lhe dei a minha fé. Aí vamos nós, de novo na estrada, cantarei a meias com o meu meninito, depois de uma noitada de rock e carrosseis. Hajam euros...
A gente vê-se por aí...
Deixa aos outros o reconhecimento do bem das tuas acções ou do mal das mesmas porque assim serás tu para o mundo e não o mundo para ti. É certo que o mundo é teu tal como é dos outros, mas agindo tu para os outros, ages para ti mesmo, tornas-te no mundo e o mundo existe em ti, isto acima de tudo porque fazes parte de uma lógica existencial que não aceita individualizações naturais nem solidões mentais...
A natural humanidade do Homem não lhe permite a solidão a não ser que ele a force, a deseje, a transforme em si, em existência. De outra forma, a soberana vontade de amar não me deixará ficar só, pois os outros também não querem, no fundo, ficar sós...
Simplesmente porque a sensação de vazio interior cria em nós uma ideia de inutilidade que, normalmente e de imediato, procuramos afastar...
homem de negro - 1990
pensamentos incompletos
O caminho de hoje à noite, na constante busca desta fé que tão nossa é, levar-me-á até Alvaiázere. Uma vez mais, à fé de quem sou, lá estarei para cruzar os braços em x, para cantar até ficar rouco, para chorar se tiver de ser, para fazer muitas imagens, para sacar do meu lenço vermelho e limpar a transpiração...... E, se puder, hei-de dar um abraço ao Kalu nesta hora tão difícil , sabendo que não faltará, neste nosso caminho, quem tenha sempre um carinho para ele...
Far-se-á noite e tendo apenas a escuridão por companheira, faço-me ao caminho, em busca de um pouco mais de felicidade, vestes negras, negra câmara, apenas o lenço vermelho destoa. Sou feliz, muito feliz nestas noites vadias em que me perco por uma voz áspera, pelos riffs agressivos das guitarras, pelo som musculado da bateria, pelos acordes delicados de um saxofone. Leva-me a minha menina vadia com a segurança do costume e ainda não há-de ser desta que morrerei na estrada...
O vadio voo da gaivota trar-me-á de volta... Saúde companheiras e companheiros...
A gente vê-se por aí...
É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo "Pedro Sem"
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida
Florbela Espanca
Eu vou por aqui umas imagens da minha quinta-feira, pelo menos a partir das quatro da tarde, que a manhã foi para trabalhar...
Este mar é o mar da Figueira da Foz, mais propriamente da Praia do Cabedelo... Paro por ali muitas vezes por causa da prainha situada entre molhes...
Porque, tal como diz o meu homenzito, não tem "ondas terríveis, que passam por cima de nós". Excelente para nadar e um espectáculo para os miúdos, pelo menos para o meu que tinha de o tirar da água com o queixo a tremer e os lábios roxos...
Bom fim de semana... A gente vê-se por aí...
Obrigado por tudo o que nos deste Marta Ferreira...
Um abraço ao Kalu e família e aos restantes membros dos Xutos ...
A mulher do leme foi-se embora, é certo, mas a gente há-de voltar a ver-se um dia por aí...
O Manuel era um daqueles homens simples, habituados a viver da terra e a retirar dela todo o sustento para a sua vida. De bigode farto e riso aberto, tinha sempre um copo e um dichote para dar a quem chegasse. Acompanhava-o sempre a sua Elvira, rapariga de pele tisnada pelo sol inclemente do Douro e pelos muitos anos passados de roda das vindimas...
Nos últimos anos, descobriu-se que o Manuel tinha um problema de coração e que a coisa podia ser complicada. Ainda me lembro de nos metermos no carro e irmos por aquelas serras fora à procura de "coisas lindas" para mostrar ao meu meninito, de pararmos na beira do Douro para bebermos uma "mine"...
O Manuel foi a sepultar hoje, lá naquelas encostas crestadas pelo sol, à beira daquele rio, traído finalmente pelo seu coração e por não atender aos cuidados que lhe pediam para ter, especialmente os da companheira... Apesar da vida me ter afastado dele, não deixei de sentir tristeza pela sua partida brusca, deixando enlutada a Elvira e os filhos...
Deixo-te um sorriso, caro cunhado. Espera lá por mim que ainda havemos de beber uns tragos de generoso daquele que costumavas ter por lá para os amigos... E rir à força toda das gajas boas e dos cromos, até de nós próprios pá, como no dia em que tirei essa foto, já lá vão quase dois anos...
A gente há-de voltar a ver-se por aí...
De vez em quando, no âmbito dos meus trabalhos de fotografia realizo algumas imagens cujo resultado final me deixa particularmente satisfeito. Não é uma questão de vaidade, mas do encantamento que dessas imagens resulta...
É o caso deste conjunto de imagens que, rodando em torno de um par de noivos, consegue traduzir uma ambiência muito interessante, especialmente pelo facto de ser um bastante improvável local para fotografias de casamento...
As imagens foram feitas numa fábrica velha, de tijolo, desactivada, que me ofereceu interessantes locais e constrastes de luz. Todos os elementos envolventes se mantiveram, não havendo qualquer preocupação da minha parte em esconder um ou outro elemento...
Foi a primeira vez que ali fotografei, mas fiquei com vontade de lá voltar outra vez. Trouxe de lá um conjunto de imagens que me encheu as medidas, o mesmo acontecendo com o simpático casal de noivos que as adorou...
Bom feriado... A gente vê-se por aí...
Eu hei-de morrer na estrada
Quando todo o meu querer
Não consiga vencer o meu sentir
E as lágrimas que caem dos olhos
Me façam querer partir…
Eu hei-de morrer então
Por já não saber ir para casa
Talvez com a alma em paz
Num caminho sem sentido
E não mais querer voltar atrás…
E serei feliz, quero ser
Porque não mais há-de doer
Esta negra alma que me possui
Este coração que quer morrer
Numa desvanescente escuridão…
Eu hei-de morrer na estrada
Em mais uma noite vadia
Depois de deambular loucamente
À procura de viver um pouco mais
Deixarei meu ser demente…
Hei-de fechar os olhos
Simplesmente, deixar-me ir
Que a chuva tome conta de mim
Que velem por mim os meus mortos
Porque eu hei-de morrer assim…
É apenas uma vida perdida
No fim, talvez acabe por ganhar
Por chegar ao fim do caminho
Agora nada parece valer a pena
Eu hei-de morrer sozinho…
homem de negro - poemas vadios
Rio imenso, vasto, lânguido
Senhor de tanto sofrer
De lágrimas se faz o teu caminho
Correm sonhos no teu amanhecer…
Choram por ti vadios fadistas
De negras capas a adejar
Tricanas, estudantes e lavadeiras
A todos encanta o teu murmurar…
Rio nosso, tanto te amamos
Feito de loucura, fúria e paixão
Quem de nós nas tuas margens
Não deixou já o coração?
Em dias de tristeza imensa
Com muitas lágrimas de amar
Tens sempre um beijo terno
Para os amantes acarinhar…
Baila nas tuas águas mansas
O reflexo de um lindo luar
Escolhem-te ternos enamorados
Para seu amor desnudar…
Cantam-te poetas reconhecidos
E seres simples como eu
Quer-te assim tanto bem
Quem a teu lado cresceu…
Trovas, versos e canções
Um simples homenagear
Levamos de ti a saudade
Um dia havemos de voltar…
homem de negro - poemas vadios
Lentamente, aproximas-te
Olhas o meu olhar,
Ofereces-me o teu sorriso...
Chegas pertinho, bem perto
Dás-me o calor do teu peito
Um abraço cerrado, forte, doce,
"à homem, com palmadinhas nas costas"...
A curva do teu pescoço,
Aquele local específico
Onde só nós pais sabemos
Existir um cheirinho diferente, "a bebé" ...
Os carinhos que me pedes,
"Pai, faz-me festinhas no caxaxo "
Minha mão corre teu cabelo
Enroscas-te no meu colo...
Lado a lado, de mãos dadas
O nosso primeiro pôr-do-sol juntos
Pegas na minha mão e dizes:
"Pai, isto é tão lindo"...
Minha razão de viver,
A ti devo esta vida
És a bússola que preciso
Para orientar o meu caminho...
Palavras soltas, dispersas
Palavras simples, com um único fim
Dizer-te hoje, amanhã, todos os dias:
"Gosto tanto, tanto, tanto de ti que até te amo..."
Dia danado de trabalho, este, com um carro nas mãos e obras para visitar, pessoal para orientar, estrada para fazer. Enfim, é a minha vida e gosto muito dela, pelo que, à falta de tempo para elaborar um poema para o meu menino neste dia da criança e sem querer deixar de o assinalar, aqui deixo uma das coisas mais bonitas que já escrevi para ele e que já publiquei aqui pelo menos duas vezes...
Mudo a foto e aí vão palavras de amor para o meu menino, mesmo que agora quando for para a rua não deixe de passar no Jardim Botânico, onde ele está, e dar-lhe um grande abraço, a ele e aos outros passaritos que hão-de esvoaçar na minha direcção......
Para além disto, um excelente fim-de-semana companheiras e companheiros (que para mim vai ser de trabalho, com 2 casamentos para fotografar), aproveitem o sol, sejam, acima de tudo, muito felizes...
A gente vê-se por aí...
- recantos vadios
- velha paixão
- fotografia
- poesia
- musica
- copo e bucha...
- vadiagens de outrora