ABRAÇAR
O abraço no sonho significa vida longa. Abraçar um morto significa que o sonhador viverá muitos anos. Porém, se é o morto que abraça quem sonha, o presságio é de morte para este último. Abraçar um inimigo representa paz entre os dois. Abraçar uma mulher, um sinal de um vida mundana. O abraço entre os homens significa ajuda mútua e entre mulheres, adulação, falsidade por perto. Abraçar um desconhecido - novidades. Pais - paz doméstica. Marido ou esposa - cuidado com desavenças. Amigo - intrigas.
AMOR
O amor que se manifesta no sonho simboliza o estado de exaltação de nossos instintos físicos - cegueira mental, aflição, desgraça. As queimaduras e os incêndios durante o sonho são interpretados como amor ardente. A paixão carnal, por seu lado, é vista como sinal de irreligiosidade, fracasso nos negócios e desdém a Deus. Unir-se à pessoa amada durante o sono, representa perigo ou castigo. De qualquer forma - você se unirá intimamente com outra pessoa, e esta união sentimental fará sua felicidade. Perder - você está inseguro quanto ao seu amor, analise a situação.
TRAIÇÃO
Denota na maioria das vezes que aborrecimentos graves estão por acontecer, que podem ser por desavenças, intrigas, brigas; rompimento de namoro ou noivado; tenha cautela.
MÃE
É um sonho muito auspicioso indicando- proteção, carinho, dedicação, felicidade; aproveite para realizar novos negócios; sobretudo compra e venda de imóveis. Sorte no amor.
NAMORADO
Significa sempre - atração, amor, beleza e idealismo. Suas esperanças serão realizadas; casamento por amor recíproco para os solteiros. Para os casados - paz na vida conjugal.
E vocês, camaradas da blogosfera, acreditam nos sonhos? Encontrei isto já há muito tempo no blog da hhmarzul, que achei muito interessante. Com a devida vénia, copiei na altura para o meu blog e republico hoje porque no fundo acho muita gente vai gostar de saber o que significa o seu sonho...
A gente vê-se por aí...
A expressão que encima esta prosa veio-me das palavras de uma amiga que assim se referia à sua mãe. A foto encontrei-a na net, não sei de quem é, mas gostei muito dela, tal como da expressão, fez-me pensar no meu próprio Porto Seguro, a minha mãe, e no quanto ela é importante na minha vida....
De facto, apesar de ter tido sempre uma relação relativamente boa e de protecção com a minha mãe, motivada normalmente pela estupidez grosseira e alcoólica do meu pai, essa relação fortaleceu-se ainda mais com o falecimento da minha irmã... Fui o portador de tão horrível notícia, uma das que seguramente nunca lhe quereria dar...
Apesar disso, nunca fui muito de dar beijinhos, nunca fui propriamente o filho carinhoso e meiguinho que alguns filhos são, nunca lhe dei grandes preocupações, estive sempre ao lado dela nos momentos difíceis mas tive sempre alguma dificuldade em ser um filho carinhoso... Acho que é um dos meus maiores defeitos, a mulher que casou comigo acabou a queixar-se do mesmo, pelo que é um defeito que estou a tentar corrigir...
Consigo-o com o meu filho e já o consegui com algumas mulheres. Agora estou a tentar consegui-lo igualmente com a minha mãe, para que os anos que lhe restam sejam vividos com boa disposição, na companhia de um filho que lhe demonstre que a ama, muito... Se o neto o consegue, eu também hei-de conseguir... E é tão bom ouvi-lo dizer "gosto muito da minha avozinha" enquanto lhe dá um daqueles abraços do tamanho do mundo...
Só depois da minha separação eu dei conta, realmente, do quanto a minha mãe é importante para mim, no quanto a sua presença dá estabilidade emocional quer à minha vida, quer ao crescimento do meu filho, que consegue ter, em simultâneo, o amor dos avós e do pai, ainda que o amor da mãe e do pai não seja dado em simultâneo, o dos avós é... Só neste último ano é que percebi que, aconteça o que acontecer, ela será sempre a minha mãe e estará sempre a meu lado...
Mesmo com as suas limitações físicas motivadas por doenças, pela idade, pelos maus-tratos, pelas anestesias gerais que já levou, pelas partidas que a vida lhe pregou, mesmo chorando muitas vezes, a minha mãe nunca deixa de ter um sorriso no rosto e uma boa disposição, real, sempre com vontade de passear, sempre disposta a ir dar umas voltinhas mais o neto e o filho, ainda que o marido não queira ir...
Nestes meus dias de solidão, é ela que me vai cozinhando, e passando a ferro, sendo que do resto trato eu, cuido da minha casa, limpo-a, cuido do meu filho, enfim, faço os possíveis por levar uma vida normal... Às vezes sinto-me tão cansado que vou deitar o meu meninito, fico por ali a fazer-lhe umas "festas no caxaxo " e acabo por adormecer ao lado dele, talvez até mesmo antes...
O meu Porto Seguro perdeu, nos últimos meses, a vontade de sair comigo, de ir ver o mar, de enterrar os pés na areia, a última vez que saímos foi para almoçar em casa de uma sobrinha dela na Páscoa, a partir daí as dores nos joelhos cada vez mais lhe tiravam a vontade de ir a algum lado pois mal podia andar... Levei-a para o hospital na quarta-feira e o meu Porto Seguro foi à faca ontem ao início da tarde, já tem uma prótese no joelho, a operação correu bem e agora é esperar que o tempo ajude a sarar as mazelas que a vida lhe vai dando, para podermos voltar a sair e passear...
Por estes dias, as coisas estão por minha conta. Cozinho para mim, para o meu pai e para o filhote, lavo a louça, lavo a roupa, vou tentando manter a casa decente e no fim de semana lá terei que passar a ferro. O mais dificil ainda é conviver com o meu pai, no entanto ela pediu-me que não me chateasse com ele e eu faço um esforço danado, mas vale a pena se o meu Porto Seguro trouxer para casa, de novo, o seu sorriso e a sua alegria...
A gente vê-se por aí...
Saudades! Sim... talvez... e porque não? ...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esqueçer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, não nos importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!
Quantas vezes, Amor, já te esqueci
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem me dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca
Vagueio por esse país fora a fotografar, quer seja a trabalhar para jornais, quer seja a fotografar casamentos e encontro sempre coisas interessantes, paisagens, gastronomia, simpatia, cantinhos deste nosso país que tanto amo... Por vezes encontro curiosidades como esta que mostro seguir:
Nada de especial, não é? Uma igreja de pedra, um muro, uma calçada, uma estrada de alcatrão e um sinal de trânsito... Até aqui tudo normal, não fosse pelo peculiar sinal de trânsito aqui colocado:
Este sinal, salvo melhor opinião, não existe pelo que, para mim, a fotografia também é o registo destes interessantes momentos e o perpetuar deles para quem os quiser desfrutar ...
Porque hoje passam 10 anos da morte de Nuno Ferrari, um dos grandes fotojornalistas portugueses do século passado, traído pelo coração em dia de desgraça para o seu clube de sempre, o Benfica...
A gente vê-se por aí...
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade para ti, Cristal... Um beijo com muito carinho...
A gente vê-se por aí...
Passou um ano desde que a minha vida perdeu grande parte do seu sentido e da sua orientação... Passaram 365 dias de muitas lágrimas, muita tristeza, algumas alegrias, uma esperança infindável em dias melhores...
A gente vê-se por aí...
(Império dos Sentados)
11 de Setembro de 2006, passam hoje 15 anos sobre a morte da minha irmã...
Como o tempo voa.... E apesar de tanto voar, não consegue nunca roubar a saudade que vive no meu coração... Foi o que restou depois de tanto sofrimento, a saudade...
Continuo a sentir a tua falta, irmãzita, quem me dera que hoje pudesses estar aí para me ajudar no meu caminho... Tantas coisas que ficaram por dizer, tantos carinhos que não demos um ao outro...
Sigo em frente, todos os dias... Mas ainda continua tudo a doer-me... A nós todos, que para trás ficamos...
Queria ter lá ido ontem, ao teu cantinho, mas passei um fim de semana um pouco triste, sem vontade de nada fazer... Desculpa... Passo por lá um dia destes para conversarmos...
Ontem, como hoje, senti apenas vontade de ficar sozinho, assolavam-me a mente as recordações e não me apetecia ver ninguém... Sentia apenas vontade de estar só e chorar, chorar muito...
Mas até isso parece que já não sou capaz de fazer... Como se as lágrimas tivessem definitivamente secado... Espero que não...
Vou indo, escrevi estas linhas apenas para que saibas que não me esqueci...
Vela por nós, minha querida irmã...
Falo hoje sobre as férias que passei mais o meu meninito por terras do Alentejo, dias maravilhosos que passamos a vadiar de praia em praia, à procura de lugares lindos e que nos enchessem as medidas...
Partimos pelas 7h00 de um dia qualquer de Agosto, fizemo-nos à estrada e o filhote adormeceu quase em seguida, parei numa estação de serviço e deitei-o no banco de trás, tapando-o com um cobertor... Adormeceu novamente e fiz a viagem quase sempre com a música como companhia e com os meus pensamentos...
De facto, tinha algum receio de não ser capaz de dar conta do recado, uma coisa é tomar conta de um filho em casa, outra é num parque de campismo, 24 horas sempre a cuidar dele. Sabia que não ia ser fácil, mas estava disposto a enfrentar o desafio...
Almoçamos um franguinho churrasco e chegámos ao início da tarde ao parque de campismo de S. Miguel, Odeceixe , que nos pareceu ser muito bom. Montada a tenda, tivemos a primeira prova da simpatia dos alentejanos, que nos encheram o colchão de ar numa bomba, apesar do sistema estar para aferição, o que proibia a sua utilização...
Optamos por ficar o resto do dia na piscina, apesar do céu se encontrar bastante encoberto, o calor era muito e a piscina estava excelente. A noite fomos jantar a Odeceixe e senti-me nitidamente roubado, paguei quinze euros e saí com fome, ainda por cima numa espelunca e com apenas uma dose de febras e duas sopas...
Choveu torrencialmente a noite toda, a determinada altura fui buscar o carro para perto da tenda, não fosse a água entrar e termos de fugir à pressa. Confesso que tive medo, mas a tenda aguentou-se, molhou-se apenas a zona do avançado, e o meu meninito dormiu bem a noite toda... No dia seguinte foi fácil verificar quem tem espírito de campismo, metade do parque foi embora...
Os dias que se seguiram foram seguindo uma determinada rotina, levantar por volta das nove e meia, lavar os dentes e a cara, tomar o pequeno almoço no parque, ir dar um mergulho matinal à praia, depois procurar um supermercado para fazermos umas sandes, comprar fruta, água e sumos e a seguir procurar uma sombrinha com mesas para um piquenique.
Se ao filhote apetecesse uma sesta, eu alinhava, em seguida íamos para a praia aí até às 8/9 da noite, regressávamos ao parque para um banho e depois íamos até ao "Bexa", um restaurante simpático, daqueles com camiões parados à porta, com preços moderados, onde jantávamos os dois por dez euros, incluindo sobremesa, café e bebida. Ah, e para remate, uma partida de matraquilhos, que inevitavelmente o meu filho ganhava...
A noite terminava normalmente no parque, a ver um filme de banda desenhada, que eles passavam todas as noites. Pelas 11 horas preparava o leitinho para o puto, que aproveitava a luz do candeeiro para desenhar um pouco, depois deitava-o e era até de manhã... Algumas noites cozinhei eu, normalmente massa e carnes grelhadas que é fácil e rápido de confeccionar, mas isso obrigava-nos a vir mais cedo da praia e desisti...
Visitámos, assim, a Zambujeira do Mar, a praia do Carvalhal, a praia da Amália, a praia da Meia-Laranja, o Cabo Sardão e algumas vezes ficámos pela piscina, normalmente a pedido do filhote. Fixámo-nos mais na praia do Carvalhal, porque era perto do estacionamento, o que era bom pelas muitas coisas que eu tinha de levar para o puto: bolas, brinquedos, raquetes, prancha, disco, etc , etc ...
Foram dias espectaculares, conforme o tempo ia passando perdi o receio e fui-me aproximando cada vez mais do meu filho, levei montes de roupa e não me faltou nada. Senti-me orgulhoso por poder proporcionar aquelas férias maravilhosas ao meu moreninho e, acima de tudo, por saber cuidar dele sozinho ... O creme para o sol, o chapéu na cabeça, o hidratante depois do banho, a fraldinha para ele cheirar na cama e o leitinho antes de dormir...
A determinada altura, tornou-se especial a forma carinhosa como ele dizia "gosto muito de ti, não te esqueças..." ou "sim, chefinho, eu já vou...", especialmente quando estava para me dar a volta... E vi que os vizinhos adoraram o meu filho, ele levantava-se e ia distribuir bons-dias, bacalhaus e beijinhos pelas tendas à volta, um dia desapareceu-me da vista e eu perguntei se o tinham visto, levantaram-se logo da mesa para me ajudar a procurá-lo...
Afinal, tinha só ido fazer xixi e apareceu logo a seguir, pediu desculpa por não me ter dito, mas "tava à rasca, pai..." Ficaram encantados e, no caso das mulheres, acharam que eu estava a dar-lhe umas excelentes férias e que ele não se iria esquecer tão depressa... De facto, os pequenos almoços de ovos mexidos, croissants com manteiga, leite e sumos ainda lhe estão na memória, que ele já me disse...
No fim da noite ficava sentado na entrada da tenda, ouvia-o ressonar levemente, deixava-me envolver pelos meus pensamentos, pelo escuro da noite e pelo fumo do meu cigarro, algumas vezes sentia-me bastante só, especialmente quando via os casalinhos passar na estrada... Mas depois, quando me deitava, sentia a respiração do meu filho, dava-lhe um beijinho, ele aninhava-se nos meus braços, eu ficava em paz... "Amo-te tanto meu filho", dizia-lhe eu baixinho ao ouvido e ele enroscava-se ainda mais...
Foram umas ferias excelentes... fomos amigos um do outro, não me deu grandes preocupações, correu tudo muito bem, recordo aquelas tardes em que ficávamos na praia até o sol se por e o areal era só nosso e das gaivotas ... É a segunda vez que vou para o Alentejo e de ambas trouxe boas recordações...
Para o ano há mais...
Ser feliz...
Ser feliz é conhecer, de perto, a infelicidade.
Ser feliz é viver essa triste realidade.
Ser feliz é viver a custo com a saudade.
Ser feliz é dormir à chuva, numa rua da cidade.
Ser feliz é buscar uma manhã na eternidade.
Ser feliz é isso tudo e um sorriso, viver uma vida sem siso, viver de momentos, de inverdade, ou será que isto não é ser feliz e eu não conheço a felicidade?
Este poema foi uma oferta do blog Escrivinhices, cujo caminho é http://fino.blogs.sapo.pt, ao meu blog. Deixo o meu agradecimento ao autor quer pelo poema, quer pela visita e recomendo uma visita a este local, é intenso e não vai defraudar as expectativas de quem gosta, como eu, de vadiar por aí...
A gente vê-se por aí...
Trabalho há quase 20 anos para a mesma empresa... Para aqui vim menino, aqui me fiz homem, aqui recebi ordenados em atraso, aqui houve alegrias, filhos, casamentos, copos, mortes, lágrima, jantares, por aqui passou tanta gente ... Ganhei amor a isto, muito amor, até há alguns anos não me via a trabalhar em mais nenhum lado... Trabalhei aqui muitas noites, sem nunca querer receber uma hora extra porque me dava prazer aqui trabalhar, porque gostava de ajudar quem em tempos também me ajudou...
Mas agora as coisas mudaram... A pouco e pouco, a empresa foi tomando um caminho cujo fim, inevitável, seria o encerramento, com os consequentes despedimentos, o que, para mim, não seria problemático, mas para os velhotes que por aqui andam podia ser muito complicado... Ou isso ou alguém comprar isto e investir, que nós cá estaríamos para trabalhar e ajudar no que pudéssemos ...
Assim foi, apareceram uns espanhóis e o negócio esteve quase a concretizar-se, só não aconteceu porque à ultima hora um dos meus patrões arranjou uma forma de enfiar cá um filho e ser ele a ficar com isto... De repente vimo-nos com um patrão novo, pensando nós que isso era bom pois era necessário sangue novo para isto andar para a frente...
Estávamos enganados e o novo patrão, um rapaz com mais ou menos a minha idade e que conheço desde os 18 anos, veio a revelar-se uma pessoa com um carácter no mínimo duvidoso... Certo é que pediu contenção nas despesas mas abotoou-se logo com um ordenado de 350 contos, contratou dois tipos a peso de ouro, rodeou-se da sua elite que nunca diz que não a nenhuma das infantilidades e faltas de respeito em que ele é especialista e há que andar em frente, espezinhando o resto do pessoal menor....
Por aqui, no escritório, trabalham três pessoas, um de nós já era lambe-botas antes e agora continua a ser, o outro prefere alhear-se das maldades embora as comente comigo e finalmente eu, que não consigo deixar de bater o pé às parvoíces e infantilidades... Primeiro foi o meu carro que deixou de estar ao serviço da firma, depois foi a minha carta que igualmente deixou de estar ao serviço da empresa, depois deixei de ter o telemóvel da empresa ligado 24 horas, até que deixei mesmo de ter telemóvel da empresa, apenas no local de trabalho...
Pelo caminho muitas outras injustiças foram cometidas contra os mais fracos, à boa maneira dos cobardes que se apanham no poder, o almoço de novo ano que se fez a primeira vez no ano passado não se repetiu este ano porque a maior parte de nós decidiu não estar presente e bastantes atitudes deselegantes e de má educação foram sendo tomadas contra os trabalhadores... O amor que eu tinha a esta empresa começou a desvanecer-se e isso doeu-me, era uma das coisas que mais gostava de fazer nas diversas facetas e formas da minha vida profissional...
Ontem foi um dos dias mais tristes que aqui passei pois, a determinada altura do dia, o miúdo que nos gere veio pedir-me as minhas chaves do escritório... O gesto enojou-me pois é altamente discriminatório, mas já tinha resolvido que nada do que ele fizesse me iria "tirar do sério" porque creio que esse é o desejo dele, poder pegar-me de alguma forma. Neste momento não é a altura ideal para me pegar com ele...
Doeu-me mais porque aquelas chaves significaram, para mim, a transição de menino para homem, profissional, em quem se podia confiar, no dia em que o chefe de escritórios me deu as chaves e me disse "Agora tem juízo" senti-me um adulto, o rapazito que aqui apareceu de cabelo comprido era já um homem a quem se podiam entregar responsabilidades e em quem se podia confiar...
São apenas três chaves, é certo... São apenas chaves, nada mais... Mas sinto que uma parte da minha vida se foi embora com elas... E dói-me ... Dói-me tanto que esta noite não dormi, com todos os pensamentos que me cruzavam a mente não consegui conciliar o sono... Cada vez mais penso que é tempo de me fazer à estrada, procurar outro local onde me sinta feliz como me sentia aqui, para que um dia destes não aconteça para aí uma desgraça... O meu único problema é que não posso, não devo pensar apenas em mim...
Até onde pode alguém aguentar sem explodir? Pelo meu filho acho que até muito longe, por mim era agora já... Mordo os lábios às vezes para não rebentar... E cada vez mais me apetece rebentar pois receber o ordenado todos os meses entre o dia 10 e o dia 15 não é fácil...
Precisava de desabafar... Estava-me aqui a moer...
A gente vê-se por aí...
Reabro hoje, oficialmente, a janela deste meu modesto tasco onde foram deixando os vossos votos de boas férias. Estas foram efectivamente boas, na companhia do meu meninito, com muito sol, mar, comida boa, muita estrada e muita vadiagem de praia em praia...
Nos próximos dias coloco aí no meu buraco as saudades do meu verão...
A gente vê-se por aí...
- recantos vadios
- velha paixão
- fotografia
- poesia
- musica
- copo e bucha...
- vadiagens de outrora