Quando eu morrer, dá-me um cravo vermelho, simbolo da liberdade, e leva-me ao mar. Não chores, a vida é o que mais bonito temos e eu procurei sempre viver a minha da forma mais pura possível...
Porque sei sorrir e sei chorar...
Bem-vindo sejas...
Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2006
Fim de semana...
Gente boa que por aqui passa, este fim de semana vamos todos tentar ser o mais felizes possível... E se, por acaso, o sol der para isso, tirem as máscaras, vão para a praia e iodam-se!!!...
Um grande bem haja pelas vossas visitas a esta minha modesta casinha, bom fim de semana e até um dia destes...
Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2006
Dorme, meu doce amor...
Dorme meu doce amor, dorme... Deixa que eu te cuide nesse adormecer onde teus sonhos percorrem o arco-íris encantado de cores e mesmo que te afastes sem querer, bem sabes que por onde fores te acompanharão meus olhares encantados de mil flores e meus gestos perfumados de prazer.
Dorme, meu lindo anjo, dorme... E deixe que minhas mãos perfumadas de incenso busquem os fios prateados que a lua deixou espalhados nas vastas madrugadas salpicadas de mistério, para com eles adornar teus cabelos cacheados pelo vento.
Dorme amor, porque enquanto dormes irei buscar o reflexo das estrelas que entram pelas frestas de tenros versos adormecidos na poesia do tempo e na suavidade das rendas tecidas de auroras que acortinam as janelas do universo.
Apenas dorme, amor, e deixa que eu atapete o chão de teu adormecer com as flores que pelas colinas esverdeadas de esperança hei de colher, para que teus sonhares tenham a suavidade da expressão colorida do amor que emana da lembrança de anjos apaixonados pela vida.
Dorme meu lindo amor, dorme... Pois, bem sabes, que meu velar por ti há-de seguir por onde fores, buscando a suavidade do som de um roçar de asas de borboletas despertadas de amores em manhãs primaveris, para inundar com suaves acordes os espaços de teus sonhos dourados em parques enfeitados de sabiás e colibris.
Dorme, meu doce amor, apenas dorme... não vou sair daqui... repousa tua cabeça em meu regaço enluarado de amor... dorme, que eu velo por ti!
Este é mais um dos textos que eu encontrei por aí e também não faço a mínima ideia de quem é o autor, a quem presto a devida vénia. No entanto, quando o li pensei logo no meu filho e em tudo de bom que ele me tem dado, especialmente no quanto os seus abraços, beijos e carinhos me têm a judado a manter a sanidade mental nestes dias difíceis.
Ontem vi a reportagem da TVI sobre os maus tratos infantis. Apesar de achar que a reportagem era fraquinha, pelo menos nos ângulos de abordagem, não pude deixar de me sentir triste e revoltado com aquilo que o chamado animal superior é capaz de fazer aos seus próprios filhos...
Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2006
Fim de semana!!!
O meu amiguito já está bom, quando chegou do hospital dormiu umas três horas e depois comeu dois pratos de canjinha da avó, um espectáculo. O fim de semana vai ser na minha companhia e a julgar pela chuva que cai lá fora, a coisa não vai dar para grandes vadiagens, no entanto aguardamos para ver...
Entretanto, gente boa, fiquem o melhor que puderem e tenham o melhor fim de semana possível...
Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 2006
A menina da net...
Nos dias mais tristes da minha recente vida, passeava aí pelos blogs à procura de coisas que me ajudassem a passar mais um dia. Frases, palavras, sentimentos, tristezas, alegrias, tudo o que de uma forma parasita eu pudesse utilizar para dar algum sentido aos meus dias cinzentos...
Quantas vezes dei comigo agarrado ao teclado, sem conseguir desprender os olhos do écran, as lágrimas a correr pela cara abaixo? Lembro-me especialmente do blog da Hatamae, ao que me parece uma grande mulher, que tantas lágrimas me fez chorar pela coragem de colocar cá fora tudo o que lhe ia na alma em relação ao seu filho. Eu que também tenho um filho não sei que seria de mim...
No entanto, o post de hoje é um pequeno carinho a um casal que passou pelo maior sofrimento da vida, perder um filho. Falo da activestress e do marido que há coisa de um mês e pouco viram partir a sua menina, situação que gerou um movimento de solidariedade na blogosfera, não consigo imaginar quantas pessoas terão chorado com a dor daquela mãe e daquele pai.
Às vezes, quando andava aí a vadiar nos blogues, lembrava-me sempre de ir visitar o blog daquela "esgalhada" que escrevia o Diário de uma Louca, enterneciam-me as coisas que ia escrevendo da sua gravidez. Fui, fomos tantos, a acompanhar a tua gravidez, a rir com as tuas loucuras, a ir contigo às consultas, a levar pontapés, a contar os dias, a receber a mais triste das notícias...
E m poucos dias a notícia correu a net e deixou a blogosfera mais triste, pois a "nossa" menina foi-se embora, deixou-nos mais sós. Tantas palavras, tantas lágrimas, tantos comentários, tanta solidariedade...
J á vi que tens mais coisas para escrever, minha louca, e ainda bem que assim é, deita cá para fora essa dor, às vezes para conseguirmos viver com aquilo que nos magoa, temos que falar disso, falar, falar, falar. E pelo que vi no teu blog já deste esse primeiro passo, falta agora ir em frente que de certeza não faltará gente para te amparar o caminho...
Quanto à família da blogosfera, sabes com quem podes contar, a alguns conheces, a outros, como é o meu caso, nem por isso, mas isso também não é importante. Pelo meu lado, todas as noites quando deito o meu filho lhe dou um abraço por todas as crianças do mundo que se foram embora, especialmente pela tua filha, seguramente por todos nós...
T u e o teu marido estão a viver a pior das experiências, a pior das dores, mas acho que juntos terão seguramente a capacidade de ir em frente. Por mais que nada faça sentido, por mais que apeteça apenas desaparecer...
Olha, minha louca, nossa louca, a tua rainha é agora a nossa menina da net, no céu estará a velar por todos nós...
Um anjinho mais, um céu mais rico, uma terra mais pobre...
Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2006
Nem no dia dos namorados...
O dia hoje correu mal, bastante mal, o meu menino vomitou diversas vezes e tive que ir a correr com ele para o pediátrico. Uma gastrenterite (não sei se é assim que se escreve, mas sei que é uma coisa extremamente chata) obrigou-o a vomitar constantemente até ao ponto de já não conseguir segurar as fezes...
A conselho do médico lá andamos a passear pelo jardim, dei-lhe Sugus (o médico disse-me que é bom para para os vómitos???), o que não deu grande resultado, pelo que tivemos mesmo que o deitar e colocar-lhe soro. Pobre miúdo, lá fiquei ao lado dele, contando-lhe um segredo aldrabão sobre o facto do homem-aranha não ser flor que se cheire, enquanto as enfermeiras espetavam a agulha do soro.
Lentamente, o estômago lá começou a acalmar, a meio da tarde comeu umas bolachinhas e agora já está ao pé dos avós a dormir, daqui a pouco vai comer uma canjinha de galinha da avó que não há coisa melhor para as melhoras.
Neste momento são 20h00 e só agora é que consegui despachar o trabalho de uma manhã em que tive de fazer companhia ao meu menino. A mãe lá apareceu no hospital mas só depois de muita insistência minha, pois eu precisava de vir adiantar serviço que amanhã é dia de aperto, não fosse isso e nem sequer tinha necessitado da presença dela. Assim que o diabo da rapariga entrou na sala ficou lá um cheiro a tabaco que até me agoniou...
Quando ela saiu com o menino do hospital, a sua principal preocupação foi ir a correr levá-lo aos avós. Não percebo esta mãe que, num caso destes, não insistiu para que o menino ficasse com ela, nem disse nada. Não que eu me chateie com isso, absolutamente nada, eu quero mesmo é estar ao lado dele a maior quantidade de tempo possível e eu sei virar-me muito bem, mas lá que estranho a atitude da mãe, isso estranho.
Resumindo e concluindo, queria ver se não tinha contactos com ela durante o dia de hoje, mas o meu camarada lá arranjou maneira de nos juntar, embora que por pouco tempo, foi ela a entrar e eu a sair...
Bolas, nem no dia dos namorados me livro dela...
Dia de namorados...
Mais de três décadas à procura do amor, já tantas vezes o encontrei, já tantas vezes o perdi, já vezes demais ele se foi embora.
Amar é cumprir sonhos a dois, é fazer vida da vida, é correr o mundo nas asas do vento, é, simplesmente sem qualquer explicação lógica, amar...
Se por cada vez que amo, me fosse acrescentado um ano de vida, rico de mim que nunca mais me iria deste mundo.
Amar é também a tristeza da partida, a dor da separação, o negro da noite, a solidão, as lágrimas que enfeitam meu pranto em dias mais difíceis.
Se por cada lágrima que chorei por amar me tirassem um dia de vida, pobre de mim, que veria meus dias de existência minguarem depressa demais.
Amar hoje, para mim, é abraçar o meu menino, dar-lhe carinhos, limpar-lhe o nariz, dar-lhe banho, sentar-me a seu lado a ver os bonecos, ouvindo-o dizer pai, faz festas no cachacho.
No entanto, desistir de procurar um outro amar não é palavra que deva ser usada no que à busca do amor diz respeito, sofres hoje, sorris amanhã, serás feliz um dia, nem que seja só por um instante.
Amar é fazer coisas sem nexo, desprovidas de sentido para o comum dos mortais, mas quem disse que aquele que ama é comum?
Se por cada coisa doida que fiz por amar me fosse arrancado um cabelo, ai de mim que ficaria sem a minha trunfa
Feliz dia dos namorados
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Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2006
Reverência ao destino.
Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e reflectir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem para fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente eléctrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é segui-las. Ter a noção exacta de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefónica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fracção de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.
Saquei isto dum blog há algum tempo e público-o com a devida vénia ao autor que, honestamente, não sei quem é. Lá que tem muito geitinho, isso é verdade.
O grande desportista...
O fim de semana, que apenas teve a presença do meu filho na tarde de Sábado porque a mãe estava a trabalhar, começou na sexta à noite. Uma companhia simpática e um cinema em terras da Figueira da Foz, "Libertino", um filme que a critica arrasou (o que me deu ainda mais interesse em ver) mas que, a meu ver, conta com uma interpretação fabulosa de mister Deep, conversa e copos com a dita simpática companhia e regresso a casa pelas cinco da matina.
No sábado, dormir até tarde, esperar pelo catraio e desporto à fartazana, futebol, basquetebol e pingue-pongue a todo o comprimento do terraço. Jantar com os meus pais e o filhote, depois uma noite dedicada à leitura e filmes com a companhia do meu querido e velho sofá.
Domingo, sozinho, resolvi arejar os pneus à minha btt, estrada fora, sem grandes inclinações porque os músculos ainda estão meio a dormir, mas faltava algo. Descobri um trilho de tractores cheio de buracos, água e lama, e então era ver o grande desportista a dar-lhe com força pelo meio dos buracos, a roupa e a cara cheias de lama, a água a voar em todas as direcções. Quando cheguei ao fim doíam-me os punhos e o "assento", mas foi espectacular, com um pouco mais de jeito e eu tinha, efectivamente, malhado no caminho... Pobre da bicla, que não tem arcaboiço para estas vidas e só estava habituada a alcatrão...
À noite o meu glorioso deu uma abada ao Penafiel e vi um excelente filme, Hotel Ruanda, que nos deveria colocar todos a pensar seriamente sobre o que algumas pessoas realmente sofrem...
Resumindo, vou ocupando a minha vidinha a fazer coisas que não era possível fazer anteriormente. De facto, muita da tristeza que às vezes sentimos deve-se ao facto de não ocuparmos a nossa mente, permitindo-lhe determinados devaneios que depois todos sabemos onde levam...
Gente boa, tenham uma excelente semana... Um dia destes trago mais tristezas que passaram pela minha vida. Ah e já agora, quando refiro que a minha ex só me procura para me f*** é no sentido figurado, querendo dizer que só me procura quando precisa de mim/me quer lixar a vida.
Até um dia destes...
Cadastro
Perfect Womam, Inconfidente, Tron, Sofia, António, Eu34, Marta, Paula, Tenazes, Pensadora, Andreia, Alexa, Castor, Mocho, Alentejano, Cláudia, HataMae, Sofia Lisboa, Noitestrelada, Pachita, Gaivotadaria...
Gostei muito de receber a vossa visita no meu cantinho. Boa semana...
Sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2006
fim-de-semana...
Agradeço os comentários que foram deixando no meu blog, de facto já tinha a sensação que a família da blogosfera podia ser fabulosa. Todas as palavras que me foram dirigindo apenas o confirmaram, aproveito entretanto para ir visitando a pouco-e-pouco os vossos cantinhos e deixar algumas palavras...
Para já e sem mais demoras, fiquem o melhor que puderem, façam-me o favor de serem felizes e tenham um excelente fim de semana...
Até um dia destes...
Quarta-feira, 8 de Fevereiro de 2006
Nem de propósito...
Escrevi aí no blog um texto sobre a minha ex-mulher em que dizia que quando tinha problemas era comigo que vinha ter. Nem de propósito, ontem lá apareceu ela a solicitar que eu lhe assinasse uns papeis para renovar um empréstimo que eu lhe ajudei a conseguir e que, quando não é liquidado integralmente, necessita de renovação e das assinaturas de ambos. Não percebo esta hipocrisia, não mete os papeis para o divórcio porque o divórcio custa dinheiro, mesmo de comum acordo, e ainda teve a lata de me dizer que eu podia ajudar a pagar os custos do divórcio. Ela é que nos arranjou todos os problemas que estamos a atravessar e, pobre inocente, eu ainda devia pagar para me livrar dela. Dasss...
Quer ter uma vida nova, quer refazer a vida dela, quer seguir em frente, então porque é que não resolve os problemas dela e me deixa em paz? Se fosse realmente uma mulher a sério, resolvia esta situação e desamparava-me, de uma vez por todas, a loja.
Bom, pelo menos continuamos sexualmente activos, ela só me procura para me f***...
Como dizem os meus velhinhos Xutos "Gente de merda...", como dizem os meus velhinhos pais "Ela vai fazer-te comer lume..."
Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2006
Sorri sempre, minha pequena irmã...
O telefonema veio a meio da tarde: "Vem depressa, a tua irmã desmaiou e estamos aqui no hospital". Disse aos meus colegas "Deu o badagaio à minha irmã" e corri para o hospital onde me esperava o patrão da minha irmã e uma colega, que não tinham novidades para me dar. Segundo eles, tinham-na encontrado desmaiada quando regressaram do almoço.
Devia ter desconfiado que algo não estava bem, os olhos vermelhos e chorosos da colega da minha irmã não indiciavam nada de bom, mas quem pensaria na maldade que a vida estava para me pregar?
Abriu-se uma porta e uma senhora, a assistente social, chamou-me. Entrei e ela disse-me "Olhe, a sua irmã faleceu, não foi possível fazer nada por ela. Este saco contém a roupa dela que tivemos de cortar para lhe prestar assistência. Hoje já não pode vê-la, poderá vir cá amanhã buscar o corpo. Lamento muito". E foi-se embora.
Fiquei ali um bocado, atordoado, sem querer acreditar no irreal do que me estava a acontecer, sem saber exactamente o que fazer. Lembro-me de ter saído da sala e ser abraçado pelo patrão e pela colega da minha irmã, que me levaram a casa. Não me recordo de ter feito o caminho.
Quiseram ficar comigo para dar a notícia aos meus pais, eu pedi que não, teria que ser eu a fazê-lo, era uma notícia tão triste e tão ruim que teria que ser eu forçosamente a dar os velhotes...
Esperei que regressassem do campo, cheios de pó depois de um dia de trabalho, levei-os para casa, sentei-os e depois disse-lhes "Tenho uma notícia muito triste para vos dar" e mais não conseguia dizer , com as lágrimas a correrem-me pela cara abaixo... A minha mãe adivinhou, as mães sabem sempre...
A minha vida depois disso passou a ser andar atrás de um para o confortar, andar atrás do outro para o acarinhar e depois, procurar a noite, a companhia de um cigarro, um cantinho para chorar. Às vezes sentia-me feliz por andar à chuva, outras precisava de ir ter com o mar...
Lembro-me de subir ao alto do monte e gritar, gritar, gritar, chorando, para libertar toda a dor que sentia, lembro-me das noites em que me apetecia morrer, simplesmente desaparecer. Demasiado dorido, demasiado bebido, depressa demais, por demais sozinho. Lembro-me também dos grandes amigos e das noitadas de copos para mitigar o sofrimento, lembro-me disso tudo. E também me lembro dos charros...
Sofrimento? Eu sei o que é o sofrimento. Sofrimento é perder uma irmã e ter de dizer aos pais, especialmente à mãe, que a sua filha morreu. Depois disto, não deve ser possível haver algo mais dificil na minha vida, embora eu também tenha a percepção que cada um sente as suas dores, o melhor que podemos fazer é amparar porque o andar em frente é sempre por nossa conta.
Sobrevivi. Sobrevivemos os três...
Segunda-feira, 6 de Fevereiro de 2006
Vida malvada...
Nos primeiros dois meses procurei as mais diversas razões para uma situação tão terrível nos ter acontecido, ainda para mais com um filho. Encontrei coisas más em mim, de que ela se queixava, mas que sozinhas não justificavam a sua partida. Ou então, sendo a vida a dois uma soma dos comportamentos de cada um, parecem só ter sido contabilizadas as minhas coisas más.
Mais a frio, passado que está um ano desde o início dos problemas e meio ano desde a separação, tenho a consciência de que falhei em termos de carinho e do amor que se dá todos os dias, é verdade, mas, por outro lado, "portei-me como um homem", nunca traí a minha mulher, passei a maior quantidade de tempo que pude com ela, cozinhava para os três, dava banho ao meu filho e deitava-o, chegava a trabalhar 7 dias por semana, cheguei a ser, simultaneamente, escriturário, fotógrafo, jornalista e empregado de balcão, tudo para que a minha família não passasse necessidades, a dormir 30/40 horas por semana, porque não dava para mais, tudo sem descurar uns passeiozinhos com os dois e umas futeboladas com o meu menino.
Nada disto contou, quando pela cabeça dela começaram a circular ideias malucas de ir para a "night", para uma vida de vadiagem que eu pensei que já não fosse possível voltar, com as más companhias a meterem-lhe macaquinhos no sótão. Os outros lá fora passaram a ser todos melhores do que eu, aquele que esteve sempre lá de cada vez que as coisas ficavam difíceis, e rapidamente perdi a senhora que era a minha esposa para, pelo menos durante algum tempo, ter uma vadia por companheira...
Pelo meio morreu a mãe dela e nenhum daqueles parasitas apareceu, os grandes amigos dela, os que lhe deram bons conselhos. Eu fui porque a mãe dela era uma excelente senhora e ainda tive forças para acarinhar as lágrimas da mulher que já não era minha...
Restou-me o meu filho que amparou o meu caminho e que me fez não desistir, que vontade não me faltou de atirar tudo para o ar, pois não é fácil ver a nossa vida toda destruída pelas ideias doidas da pessoa que escolhemos para envelhecer a nosso lado e conseguir aguentar. Fui procurando sempre endireitar-me, colar os pedaços da minha vida, guardar as recordações e ir em frente, sempre ir em frente, nem que tivesse que chorar todos os dias para poder viver um pouco mais, para não morrer de tanto sofrer...
No início falava de todos os defeitos que ela sempre teve e que eu nunca consegui vencer ou, pelo menos, melhorar, para justificar a minha dor, porque fui o abandonado. Agora, passado todo este tempo, opto por guardar a minha dor, já não falo sobre ela a ninguém, até porque me apercebi da maldade de algumas pessoas, os parasitas lá continuam a rondar mas quando passa por dificuldades, desaparecem todos, e é comigo que vem ter para resolver problemas, "porque ainda somos casados". Mas só somos casados porque ela não faz a parte dela que é meter os papeis, que eu dou-lhe o divórcio sem quezílias e sem problemas.
Com 36 anos de idade, deveria ter tido mais tino e melhor pensamento, mas não foi capaz de resistir às maluqueiras e às loucuras próprias de uma adolescente e não de uma mulher. Azar, perdi a mulher que ainda amo mas que não é a mesma que eu vejo agora passar por mim, ganhei a minha liberdade ainda que, para já, muito solitária, capricho no amor e no carinho que dou ao meu filho, pelo menos com esse vou fazer os possíveis por não falhar...
Olá ó vida malvada...
O mar, eterno amigo, companheiro de sempre...
Sempre tive uma especial paixão pelo mar. Lembro-me que sempre que estava triste procurava as ondas do mar para me fazerem companhia, o seu eterno movimento acalmava os meus atormentados dias. Algumas noites, o mar foi meu amigo e adormeceu-me ao som das suas ondas, deixou-me dormir na praia com amigos, com namoradas, com amantes, sozinho, com os copos, partilhou das minhas alegrias e boas disposições.
De cada vez que a minha vida dá uma volta, boa ou má, lá está o meu velho amigo para ouvir as minhas palavras, para ver a minha alegria, para dar carinho às minhas lágrimas... Gosto de vadiar pela beira do mar, deambulando e deixando deambular os meus pensamentos, observando a força magnifíca que transparece das suas ondas, absorvendo a paz que me faz tão bem à alma...
Na noite de passagem de ano, sozinho, rumei à praia, esperei pela meia noite e enquanto os foguetes rebentavam no ar, abri a última garrafa de espumante que sobrou do meu casamento, seis anos depois, bebi um pouco enquanto as lágrimas me corriam pela cara abaixo. Atirei a garrafa ao mar, limpei as lágrimas e prometi a mim mesmo que nunca mais iria sofrer assim. Estamos em Fevereiro e não voltei a chorar...
Este fim de semana, lá rumei novamente ao mar, o meu sempre cheio de boas recordações mar da Nazaré. Levei o meu filho, o meu grande companheiro nos dias que correm, e os meus pais, fomos até ao Sítio, andamos por ali a ser enganados pelas vendedeiras de doces e afins, todas elas com as famosas sete saias. Enquanto os meus velhotes ficaram a apanhar um pouco deste maravilhoso sol de Inverno, eu e o puto descemos no ascensor, fomos lanchar a uma pastelaria (fiquei a pensar que a rapaziada da Nazaré pensa que está no Algarve - 1,80 por uma garrafa de água de 1,5 lt ???) e depois fomos vadiar para a beira do mar, passear, atirar pedras à água, fugir das ondas mais atrevidas, fazer muitas fotografias (190 pelas minhas contas), os dois, que o garoto com 4 anos já gosta de espreitar pelo visor e dar ao gatilho, e, finalmente, ver o pôr do sol...
Caía a noite quando subimos novamente no ascensor até ao Sítio, apanhamos os meus pais e regressamos a casa, o meu pai e o meu filho (o aguardente e o ranhosito) na brincadeira no banco de trás, com o puto a dizer "Pai gosto muito de ti, hoje fizemos tantas coisas..."
Às onze da noite já estavamos a dormir...
Sexta-feira, 3 de Fevereiro de 2006
Fim de semana
Um excelente fim de semana...
Quinta-feira, 2 de Fevereiro de 2006
A 13 de Janeiro.
A princípio achei-o feio, todo engelhado, com uma cor feia e demasiado barulhento. Depois, as enfermeiras levaram-no, vestiram-no e começou a ficar com melhor aspecto. Devagarinho, entrei na estufa, fiz algumas fotos e depois peguei naquela mãozita minúscula que, instintivamente, se fechou em torno do meu dedo. Não aguentei, saltaram-me as lágrimas dos olhos caindo pela cara abaixo enquanto baixinho dizia "meu filho, meu filhinho" e abraçava aquele ser minúsculo e tão indefeso. Depois, puseram-me na rua porque a mãe precisava de descansar, era uma noite fria de Janeiro, passei aí por um bar, bebi um copo e vivi a minha felicidade sozinho. No carro música dos Xutos & Pontapés, a banda que sempre pareceu ter um tema para acompanhar as minhas alegrias e as minhas tristezas, a banda que sigo há mais de 20 anos... E não é que o meu gajo nasceu a 13 de Janeiro, data oficial da fundação dos Xutos?...
Em frente...
Andei por aí muitas noites a fio, vadiando de corpo em corpo, de antro em antro, buscando a felicidade que sempre me fugia, muitas vezes por entre os dedos e depois de já a ter provado. Os dias negros de outrora quase voltaram agora, as vestes voltaram a ser negras, mas não consigo, de facto, sentir-me demasiado triste, da forma que em tempos senti e quase me levou a cometer uma loucura. Sobrevivi a demasiadas mortes, sobrevivi a demasiado sofrimento, consegui chegar até aqui e não vou, de forma alguma, desistir de viver. Utilizando as palavras de uma velha amiga, "é andar em frente que atrás vem gente..."
Regresso...
Durante muitos anos, o negro era a minha cor, um conjunto composto por vestes negras, cabelo grande, o metal como religião, a vagabundice como forma de vida... Passaram 10 anos desde essa altura, tempo que ocupei a dar corpo a um casamento que entretanto falhou e a cumprir um dos meus maiores sonhos: um filho. Nos dias que correm, o meu filho é a razão fundamental da minha existência, a bússola que dá sentido à minha vida, por ele tudo, sem ele, nada...
Estou aí....
Durante muito tempo vadiei pelos blogs dos outros, à cata de coisas bonitas me que "enchessem as medidas"... É tempo de ir à luta e construir o meu próprio blog para ver no que isto dá...